sexta-feira, 11 de abril de 2008

Melancolia.

(Momento diário hehehe)
Saudade dos bons tempos.
Do tempo em que eu saia correndo da aula, voava pra casa, colocava o necessário na mochila, pegava a moto e me mandava pra uma cidadezinha do interior.
Das longas caminhadas na noite falando bobagem.
Da época em que amigos eram amigos. Só. Sem interesse, segundas intenções nem nada.
De ficar até amanhecer na rua, seja fazendo festa seja "namoricando".
De chegar da festa pela manhã e ter tanta coisa para conversar que mais uma hora que outra se passava no portão de um amigo.
De sentir o frio por ter "loqueado" de não voltar para casa, ir direto fazer alguma noite e voltar no sereno e a uma temperatura 1/3 menor de quando saira de casa.
Dos bobos toque de "lembrei de ti".
Trocar mensagens no meio da madrugada.
Sorrizo ao acordar com mensagem no celular.
Encontrar amigos que há anos não via e ir almoçar.
De encontros às cegas que rendiam meses de risos e muitas piadas internas.
De vínculo de verdade, de lealdade entre amigos.
De ficar a tarde inteira pendurado numa árvore conversando e comendo "joão-bolão".
De, sem prever nada acabar tomando um chopp no shopping.
De se matar rindo tomando cerveja com os amigos na redenção.
Tomar banhos de chuva inesperados.
De se apaixonar por alguém que conheceu ao acaso.
Puxar assunto com as pessoas do nada e se divertir com isso.
De ler sobre coisas novas.
De beber vendo desenhos para crianças e quase morrer rindo.
"Mangoliar" numa pracinha.
Dos tempos em que a grande preocupação era quanto tempo duraria aquele único par de tênis.
Junção para comer pizza e ver filmes.
De não ser todo acidentado.
Até de se acidentar.
De simplesmente beber na rua com os amigos.
De se prepar para a noite na casa de um amigo, bebendo, conversando, "teclando", cada um tocando um instrumento musical abobadamente e ouvindo música.
Daquele carro tão bem equipado...
Que quase me levou à morte.
De aprender termos nunca antes ouvido, "Fazida", à sombra de uma árvore com os pés numa cachoeira.
Nossa, saudade daquelas pessoas que eu não valorizava. Aquelas pessoas com as quais me diverti na despedida do colégio.
Saudade de explorar lugares novos.
De chegar imundo de uma "exploração" e dar de cara com uma câmera filmando os presentes, incluindo eu.
Saudade de ser bobo sem pressão.
Saudade daquele meu celular tiojolão que vivia caindo, se despedaçando e continuando a funcionar.
Mesmo celular que foi catapultado ao pular nas costas de algum amigo.
Das filosofias de bar. Filosofias de bêbados. Filosofias de sóbrios.
Saudade da época que eu era sociável antes de virar insociável para depois voltar a ser sociável.
Saudade de jogar futebol somente pela diversão. E apostar 0,50R$ no nosso time naquela partida. E perder pelo fato de eu ser o pior goleiro da história da humanidade.
Saudade daquela gravação para filme que terminou de maneira tão desagradável.
Saudade da vez que deixei passar de conhecer pessoalmente uma imensa amiga num show de uma banda que até hoje adoro. (Paraná é longe...)
Saudade de desejar com todas minhas forças que as distâncias se reduzissem...drásticamente,
Saudade daquela voz.
Saudade daquele termo.
Saudade daquele jeito de falar aquela palavra.
Saudade daquele abraço.
Saudade daquele cheiro.
Das aventuras que mais eram desventuras.
De tirar fotos ridículas.
De amores platônicos.
De amores desperdiçados.
Daquele filho que tomei emprestado por alguns meses.
De quando as idéias geniais (ou assim eu achava) vinham completinhas na minha cabeça.
Saudade de lagartear por horas.
De matar a aula de história que não ia dar em nada, para jogar basketball.
Daquele professor que nos emprestava a bola mesmo sabendo que estávmos matando aula.
Daquele "guardinha" que tanto tínhamos carinho.
De ser arrastado para fora da aula ouvindo a frase "Isso dae vai emburrecer a gente".
De ver o amigo limpando o suor nas cortinas da sala de aula, aproveitando que ninguém mais tinha chegado ainda.
De ir no cinema (custava míseros três reais na época e não precisava ser estudante!) entre o colégio e o terceirão.
Saudade da expectativa. De perguntar para minha mãe se "duas semanas é muito tempo?".
De ter me trocado no porta-mala do carro.
De andar com a moto jorrando óleo e sem força para acender um pisca. E mesmo assim encontrar as pessoas (com as calças e tênis sujos de óleo). E mesmo assim entrar em festas (aquele barco imundo).
De virar a madrugada conversando com aquela amiga. De ficar mais "um pouqunho" e isto se alongar até sete da manhã.
Saudade de coisas demais.
Saudade dos bons tempos, que eu os achava ruim. Será que um dia sentirei saudade do tempo em que escrevi sobre minhas saudades no blog?
Quero voltar e aproveitar tudo muito mais.
Voltar mesmo. Sei muito bem que mesmo o conhecimento de que aproveitei de menos não vai ter força suficiente para me fazer aproveitar melhor o presente e futuro.
Cada dia que passa mais é cobrado. É normal isto. Cada ano que passa é preciso demonstrar mais maturidade para receber aceitação. Ou avançar em alguns aspectos da vida (faculdade, emprego...).
Não sei. Não pode estar certo essa nossa vida.
Mesmo quando eu era criança. Nunca pude aproveitar direito. Por ser alto, as pessoas me consideravam mais velho. Por ter entrado mais cedo no colégio, as pessoas tinham certeza que eu era mais velho. Nunca podia ser uma criança retardada como a idade mandava que logo era considerado algo diminutivo. Custava me deixar ser feliz?
Custava. A culpa na verdade é minha, deveria ter imposto minha felicidade. Deveria ter aprendido muito mais cedo que a opinião alheia vale tanto quanto o quilo de fezes. Talvez menos...
Mas é a opinião alheia que nos abre ou fecha portas.
Maldito mundo ao avesso. Tudo (quase) está errado. Onde é o reset?
Grandes inovações, grandes maravilhas, mundo moderno. E daí? Eu aposto que as pessoas têm ficado cada vez menos felizes e satisfeitas com suas vidas.
Uma vez li algo. Dizia que provavelmente vidas em outros planetas evoluíram tanto que devem ter se deparado com alguma tecnologia que causou sua própria destruição.
Esse parece ser o caminho mais provável. Evoluimos tanto que acabamos não suportando a nós mesmos, nossas vidas, cotidianos.
Será que os Amish são mais felizes que nós, os tecnológicos?
Quanto mais eu me esforço por um rumo, menos eu pareço ficar de agrado com minha existência. Serei o único?
Palhaçada viu? Se existir encarnação, na próxima quero vir de gato. Gato de rua mesmo que seja.
Tá, chega. 06:15h e ainda não fui dormir.
Desabafo feito, se alguém se prestar a ler até o fim por favor pense a respeito do que eu disse.






Postado pelo insône Ricardo Ceratti.

Um comentário:

Helen disse...

Eu li tudo e adorei o teu texto! Confesso que em alguns trechos fiquei com um nó na garganta por me lembrar, também, de vários momentos bons que vivi. E o fim me fez refletir bastante.
Sabe, tenho a opinião de que quem escreve em blogs realmente tem coração...ao menos quem lê pode ver isso e sentir da mesma forma que o escritor.
Ahh, to falando besteira já, acho melhor eu ir dormir.
Parabéns pelos textos, eu me senti na tua pele quando li.
Beijos, sucesso pra ti, tanto na carreira de desenhista, quanto na carreira de escritor, quanto na carreira de baixista...tu que escolhe! oihdaihdaihdai (: