quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Quem ganha com seu cansaço?

O estresse, cansaço e falta de tempo em nossas vidas é, para a imensa maioria da população, inevitável.
É uma consequência da organização humana atual: da vida em sociedade, dos moldes ocupacionais, da vida em cidades, especialmente grandes cidades.
Apesar de existirem investimentos em seu combate, como a melhoria das vias e transporte público, da redução história da jornada de trabalho, do esforço pela ambiência (palavra que aprendi hoje: http://bvsms.saude.gov.br/html/pt/dicas/170_ambiencia.html), do desenvolvimento de eletrodomésticos que facilitem a vida, etc., a impressão que tenho é de que nunca existem ganhos significativos nesta eterna luta.
Comecei a refletir a respeito e acabei com um questionamento que não pude (tampouco sei se algum dia poderei) responder.
Até que pontos estas condições desgastantes são elementos naturais, ou então meramente reflexo de algo que simplesmente é, sem ser planejado adequadamente, ou, por outro lado, são condições desejáveis, cuja existência é incentivada secretamente, com vistas a gerar benefícios "pessoais"?
Vamos pensar um pouco com um exemplo bem simples.
O que acontece quando você sai cansado e estressado do serviço, corre para chegar em casa a tempo de conseguir fazer algo útil antes do dia acabar, porém se vê preso no ainda mais estressante, cansativo e consumidor de tempo trânsito?
Chega em casa sem energia ou animo para nada, certo?
Mas você está com fome.
Como resolver o problema?
Existem várias opções.
Você pode ir num restaurante e ter uma bela duma janta. Não, você não fará isso. Perderá muito tempo, dinheiro e vai começar com neuras de que vai ficar gordo se começar a fazer isso com frequência.
Você pode passar num restaurante de fast-food, pegar um sanduíche, digamos, e ir comendo enquanto dirige mesmo.
Você pode pedir uma tele-entrega, para não ter que preparar ou lavar nada.
Você pode comprar alguma coisa pronta numa padaria, e se convencer de que o que comeu é uma janta.
Você pode comprar uma comida congelada em algum mercado, e prepará-la em casa. Lembre-se de lavar a louça que sujou, ok?
Você pode comprar uma grande quantidade de ingredientes e preparar uma bela duma janta. Sinceramente que não acredito que você faria isto.
Você pode ainda ter sua própria hortinha em algum canto da casa, a qual cuida todos os dias, e usar de alguns de seus legumes para preparar sua janta.
Há de convir que existem itens nestas opções que parecem escolhas bem óbvias. Assim como alguns são coisas de se dizer "em que mundo este sujeito vive pra propor uma coisa dessas?".
Agora pense no quanto se gasta com cada uma destas opções.
Não calcule apenas o custo da coisa em si. Calcule o custo pelo tempo que ficará saciado, e a quantidade de vezes que poderá se saciar com a mesma compra.
Algumas opções são realmente caras, não?
E algumas são incrivelmente simples de obter de forma mais econômica. Afinal, você poderia preparar sua janta em casa com ingredientes que comprou naquela feirinha do produtor.
Mas você dificilmente escolherá a via mais econômica justamente pelo cansaço, falta de tempo e estresse.
Este é somente um exemplo. Pense em qualquer coisa que você pague não pelo talento, pela qualidade, pela instrumentalização necessária, pelo desconhecimento de como se alcança determinado resultado, mas sim pelas coisas que você paga por não se dar ao trabalho, não perder tempo, não se cansar.
Pense também nas formas mais comuns de "combate" ao estresse. Quem não conhece alguma pessoa que todo dia chega do trabalho e toma uma dose de uísque para "relaxar"?
Reflita e veja quantos lucros são decorrentes do seu desgaste.
Após tal reflexão, tente responder a minha pergunta. Será mesmo que não existe um incentivo pela manutenção do status quo? Será mesmo que as coisas simplesmente são assim e ninguém interfere nos padrões de organização humana de forma a manter ou agravar esta situação?




Postado por Ricardo Ceratti.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Des-pensar

Infelizmente vivemos na era do "se não é mastigado, nem deve valer meu tempo".




Postado por Ricardo Ceratti.

Tic-tac

A pressão exercida diariamente pelo relógio causa um certo pânico, e paralisa, obstaculizando pensamentos e permitindo que o já reduzido tempo renda ainda menos.




Postado por Ricardo Ceratti.