quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

2009.

2009 foi um ano conturbado: brigas, depressão, morte, doença, barracos, processo, correria, insegurança, medos, prejuízos...
2009 foi um ano agradável: Formatura, lucros, namoro, amizades, revitalização, momentos divertidos, conhecer coisas novas, reacendimento da paixão profissional, motivação para todas empreitadas que me ocorressem, felicidade enfim...
2009 foi um ano intenso: Sejam de momentos bons, momentos maus, momentos onde precisei lembrar de respirar... aliás, momentos onde o que havia de melhor era parar dois minutos para apenas respirar.
Não existiu muito espaço pro velho conhecido "Tédio" neste ano. Quando passava um acontecimento logo vinha outro. Ou vinham ao mesmo tempo. Especialmente acontecimentos azarados, que amam bater à minha porta de bando. Enfim, quando eu finalmente conseguia subir à superfície para dar uma respirada, uma tempestade me atingia.
Neste ano bizarro consegui um estágio improvável e pelo qual fiquei muito grato, apesar de ter me rendido muita dor de cabeça.
Consegui um segundo estágio, quase tão improvável quanto o primeiro, que logo se mostrou uma armadilha.
Só após conseguir ambos que pude pensar "agora estou tranqüilo". A primeira vez que pensei isso no ano, porém não foi a última vez que acabei por me enganar com tal frase.
Consegui terminar meu Trabalho de Conclusão, e de uma forma infinitamente melhor do que eu imaginava que conseguiria. Uma coisa que deveria ter vindo antes na minha vida acadêmica, pois jamais imaginei que teria tanto prazer em fazer um trabalho gigantesco. Mas tive, e fiquei querendo mais. Sim, eu, sim, mais.
Terminando, adivinha? Pensei "agora estou tranqüilo".
É... ou não.
Férias sem descanso, me sentia como na música do Simon e Garfunkel: "In restless dreams I walk alone". Uma indefinição que não me permitia aproveitar o tempo que tinha nas mãos. Ora, que sequer me permitia descansar nos meus sonos.
Enfim, consegui a tão esperada troca de estágio. "Foi fácil demais, DEVE ser 'cilada'", pensei. Ora, se não é o bom e velho 2009 me pregando mais uma peça? Foi a melhor supresa em termos de estágio! Foram apenas quatro meses, errei bastante, houveram percalços e desacertos, ainda assim me apaixonei pela escola e pelo serviço prestado. Ora, pelo visto achei outra coisa que eu gostaria de fazer!
Então veio a burocracia, minha velha inimiga. Nada servia, nada entrava no sistema, tudo demorava para sair certificado, tudo foi uma dificuldade. Tudo foi uma dificuldade até que forças maiores desejaram que tudo fosse facilidade. É a única explicação que me parece plausível. Enfim, forças burocráticas com quem sempre lutei, obrigado por esse presente de natal adiantado. O gás que eu tinha para queimar já tinha há muito tempo sido queimado além de sua capacidade.
Aliás, 2009 queimou além de sua capacidade em quase todos os sentidos. Overburn é o termo, certo?
Tive que lutar com meus problemas e encarar meus erros e minhas limitações. Tive que transformar ar em paciência, água em compreensão, até o arroz de todo dia foi forçado a virar uma coisa que aprendi ser muito importante: diplomacia. E agora procuro comer "diplomacia" todo dia no almoço.
Aguentar idas e voltas. Sejam figurativas ou não.
Aprendi o que significa cautela. Mas bem pouquinho.
Aprendi que ansiedade e nervosismo só atrapalham. Que um pouco de paciência e um bom uso dos instintos pode gerar bons lucros. Mesmo lucros financeiros.
O dia virou ginasta. Tinha dias que era em torno de 2:30h de viagem, estágio pela manhã e tarde, almoçar com alguém, aula, outra aula, ver atividades complementares, acompanhar a bolsa de valores, conversar com amigos, negociar uso de testes, marcar consulta, ir na minha consulta e ainda sobrava um tempinho para namorar. Dormir?
Descobri que existem amigos que vejo e até falo uma vez que outra durante o ano mas que vão dar tudo de si quando eu precisar. Assim como descobri que tem amigos que só querem a amizade nas horas boas, deusolivre fazer algo para ajudar.
É... 2009 foi o ano da reciclagem. Não digo no sentido de "vamos salvar o planeta". Quer dizer, neste também! Mas no sentido de reciclar pessoas. Quem vale a pena na vida e quem pode muito bem ser deixado de lado. E, olha: 99% daqueles deixados de lado não fazem mais falta alguma! E certamente tem o grupinho dos que deveriam ter sido reciclados em 2009, mas estes terão a oportunidade de trocarem de grupo ou poderão desfrutar de uma nova onda de reciclagem que está sendo agora mesmo agendada para 2010.
2009 certamente não foi o ano para fazer minhas paixões. Não tinha nem tempo nem cabeça para, por exemplo, desenhar. Nem sei como este humilde blog foi capaz de sobreviver. Enfim, algumas coisas tiveram de ser deixadas de lado.
E isto abre a próxima aprendizagem de 2009: Que não tenho como fazer TUDO que gostaria. Que preciso abrir mão de algumas coisas. Sim, parece banal, mas experimenta se dedicar intensamente a dois ou três planos ou sonhos para ver o que acontece com o resto das coisas que tanto se ama!
Sinceramente, tal descoberta me entristeceu muito.
Eu queria um dia maior! Queria mais tempo para fazer as coisas!
Mas este ano me mostrou que tempo é relativo. Eu fazia tanta coisa quando não tinha tempo para nada! E agora, férias, tanto tempo, nada sendo feito.
Maldita preguiça!
Será preguiça? Ou será ressaca de um ano agitado demais?
É, 2009 me tirou o fôlego.
Não posso dizer que foi ruim, apesar de terem acontecido muitas coisas ruins.
Está mais para bom. Bem mais para bom!
Foi o ano que mais cresci, mais conquistei coisas, mais amadureci, mais fiz a vida acontecer, mais fui à luta, mais me motivei, mais me dediquei, mais sonhei!
E isso tudo certamente pesa mais na balança que os contras, que o sufoco.
Foi um ano bipolar. E eu digo no sentido patológico da coisa. Mas foi mais para feliz do que para triste.
É... foi um ano bom.
Que venha 2010!
Mas, que por favor, venha um 2010 calmo, com tempo para respirar, sem tanta intensidade ou eventos. Um 2010 para me recuperar desse 2009 que quase acabou comigo. Um 2010 para descansar e recuperar o gás!

...

Duvido (MUITO)...




Postado por Ricardo Ceratti.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

O preço de uma consulta.

Chegando a hora da formatura, terminando os últimos compromissos relacionados com a faculdade.
Eis que começo a refletir sobre o percurso.
Além do preço a ser pago mensalmente, além do transporte, além de precisar pagar caro para comer mal, existiram outros tantos fatores a serem levados em conta.
Tudo começa com uma aparência de que vai ser muito diferente do coleginho. Tolice.
Logo no início nos deparamos com nossa insignificância em relação à instituição. Experimente estar certo e verá o imenso custo de provar e modificar o que está errado.
Muito se tenta, muito se desgasta, pouco se conquista.
Na sala de aula existem muitas disciplinas a serem vencidas ao longo dos semestres. Cada professor com a fé de que nossas vidas se resume a ir na faculdade e ler os textos que nos pedem para ler. Afinal de contas, que mais um estudante poderia ter para fazer? Dinheiro cai do céu, só se faz umas duas ou três cadeiras, teletransporte está sempre disponível, vida social é um mito e o dia tem 37 horas e meia. Fácil, bem fácil...
Mas isso não basta! Ainda durante as aulas é preciso agüentar a matação, trabalhinhos cada vez mais infantiis, colegas que não são capazes de somar 1+1, pessoas inconvenientes, etc.
Tudo passa.
Então, os estágios!
"Tem vaga para todo mundo".
Naquelas.
Muita briga para conseguir trabalhar sem receber, muitas vezes mal apredendo (ou aprendendo mal?), acatar regras sem cabimento, e o bônus de ter a chance de ser tratado feito lixo.
Logicamente não é generalizado. Só quase.
O tempo passa, e quanta abobrinha precisamos ouvir.
1, 2, 3... o 10 parece tão distante...
E mais aulas. Vai começando a ficar comum perder-se tempo nas mesmas. Em algumas o objetivo maior é lanchar.
Mais estágio.
Ok, muito se aprende. Por bem ou por mal.
Eis que temos que colocar o que aprendemos em prática.
Certamente que não cobraremos. Afinal, quem aprende tem uma conta infinita de dinheiro... de banco-imobiliário.
Mas, obviamente, a mentalidade reduzida das pessoas não permite que tal etapa passe sem tropeços.
Se é de graça, não vale nada.
Eis que nosso tempo mais uma vez vira... Sabe aquela música da Rita Lee? "Tudo vira ..."? Pois é.
Marca, espera, "toma cachorro", marca, espera, se desaponta, marca, consegue.
Fazer favor hoje em dia é subestimado.
Quando tudo termina, aqueles que te sorriam prestativos passam a te fazer cara de... e tratar de má vontade. Claro, acabou o que era de graça, por que motivo no universo a colaboração continuaria?
Nem por questão de solidariedade, bom senso, respeito. Poderia seguir com a colaboração em proveito próprio. Firmar uma parceria.
Não, mentes miudas sequer são capazes de pensar no dia de amanhã.
Depois as pessoas se queixam de seus salários, mas não fazem por merecer um salário maior.
Reclamam da falta de respeito, mas elas mesmas a propagaram.
Acham o fim do mundo o quanto pagam por um profissional da saúde, que muitas vezes nem os trata decentemente. Bem, complicado reclamar do monstro que nós mesmos ajudamos a criar.
Longe de mim concordar ou justificar o péssimo atendimento que anda se propagando, mas...
Então, já pagou bastante pela faculdade? Já trabalhou de graça o suficiente? Já se sujeitou e humilhou o suficiente?
Ainda falta depender de mais umas quantas boas-vontades. De regras que não parecem abrangir a todos, de depender de uma péssima comunicação interna dentro da faculdade.
Ok, agora pague mais um monte para se formar e depois corre atrás de emprego, se sujeitando a péssimas condições até que tenha experiência (leia "QI" na maioria dos casos) suficiente para estar trabalhando em algo decente.
Cansativo?
Agora vamos pensar.
Paga-se o tempo perdido, seja aprendendo, sendo enrolado, ouvindo abobrinha, tendo que esperar a boa vontade; o dinheiro gasto, seja pagando o curso, os transportes, a necessidade de sobreviver; a dignidade; e o mais insubstituível de todos: a paciência.
Guarde esse número com carinho.
Agora vamos abrir um consultório?
Vamos pensar em quantos atendimentos teremos pela frente, contando maré alta ou baixa, transtornos, doenças, aposentadoria, dividiremos pelo númerozinho dali de cima, somamos com os gastos (aluguel, transporte, etc) e aí está!
Encontramos finalmente o preço da "hora" de cinquenta minutos!
É caro?
Caro é relativo. Como demonstrei, que seja bem pago!




Postado por Ricardo Ceratti.