domingo, 26 de junho de 2011

Engenharia Social.

Sabe o que é Engenharia Social?
É uma espécie de lavagem cerebral. Só que muito refinada.
É uma lavagem cerebral que não tem fim.
Que está em todos os lugares.
Que está acima e abaixo, na esquerda e na direita. Está por trás de tudo que vemos.
Mais ou menos como as células nos nossos corpos. Não as vemos, até esquecemos que existem, mas elas estão ali, controlando todo esse universo que é nosso corpo.
É responsável pela ordem, bem como pela desordem.
Cria situações e correntes de pensamento, que divergem de outras, afinal, uma distração é sempre bem vinda.
Mas o ponto mais eficaz dela nem é nada disso.
O mais eficaz da coisa é que cada pessoa sobre a influência de tal lavagem cerebral, se torna uma propagadora da mesma. Se torna um pequeno bloquinho que permite que esta grande construção siga existindo.
Um pequeno bloquinho que vê as décadas passarem acreditando que é um ser livre, que suas escolhas e pensamentos são seus.
Um bloquinho sobre esta influência aqui, outro ali, outro lá... todos convencidos de sua liberdade, acabam convencendo outros bloquinhos que esta é a realidade, que é assim que as coisas realmente são, foram e serão.
E não é intencional, por maldade ou bondade, com algum ganhou ou ameaça.
Nada disso é necessário. Nada disso de fato existe.
Os motivos dela existir? Não sei e, sinceramente, tenho a humildade de não acreditar que um dia virei a saber.
Se é para manter um determinado nível de ordem, para preservar a espécie humana, ou se é para obter ganho, para manter poder. Realmente, não sei.
E para falar a verdade nem me interessa.
Quem me garante que não estou desempenhando justamente meu papel de bloquinho manipulado ou pensar assim, ao escrever este texto?
Ainda se eu tivesse alguma certeza.
Ainda se eu acreditasse que eu poderia mudar alguma coisa.
Ainda se eu soubesse o que diabos mudaria.
Não, nada disso está ao meu lado.
Apenas a realidade me parece estranha. Algumas vezes, irreal.
Será que só eu penso assim? Duvido.
Talvez eu tenha mais chances de encontrar quem pense assim em clínicas psiquiátricas do que andando "livremente" nas ruas em sua "normalidade", assim como eu.
Mas, se a realidade não me parece real, se o natural me parece forjado, e as chances de ser diferente não parecem existir, o que me resta?
De onde estou agora, tudo que parece estar ao meu alcance é questionar.
Questionar tudo, questionar o objetivo de tudo, questionar todas obviedades, questionar os "é assim, sempre foi assim".
Pode não parecer muito, mas me traz um certo alívio perturbador.
Pode não parecer útil, mas me permite enxergar mais do que se costuma ver.
Como numa foto de um bom fotógrafo em relação a uma foto que qualquer um de nós tiraria. Temos a mesma paisagem, diferente é o que enxergamos nela, a riqueza que pode ser extraída.
Durante todo nossa existência absorvemos crenças e valores que ditam nossas vidas.
Freud fala do super-ego, que seria, de uma forma bem simplificada, as leis externas (pais, professores, polícia) internalizadas em nossas mentes.
Usando esta maneira de pensar, acredito que não são somente estas "leis" que acabamos internalizando. Os desejos, as regras do mundo, o que podemos e não podemos, como as coisas funcionam, etc. Tudo nos é internalizado.
Constantemente.
Lembra quando eu falei que cada pessoa ajuda na lavagem cerebral? Pois é isto: O... não sei nomear... o "tudo" das pessoas nos transbordam, nos influenciam.
As mil pessoas aleatórias com quem cruzamos caminho a cada dia nos influenciam com seus "tudo".
E os aceitamos como tudo.
Aceitando, propagamos.
Propagado pela quase totalidade, sequer questionamos. Se quer refletimos.
Aceitamos com o que podemos sonhar, quais as formas que podemos lidar com nossos sonhos, quais os caminhos para seguí-los (caso seguí-los seja a forma que lidamos com eles), quando parar...
O que quer, o que vê, o que sente, o que acredita, o como, o onde, o quanto, o quando...
Isso tudo pode ser bobagem da minha cabeça, pode ser que estou ficando louco, pode ser inútil, pode ser bobo, pode ser chato.
Mas uma coisa garanto que não é: não é tão difícil assim.
Mudar a forma de enxergar o mundo é tão difícil assim.
Mudar o que se acredita e tudo o mais também o é.
Mas, o simples ato de questionar, de limpar a mente de coisas pré-determinadas e pré-estabelecidas, e refletir a respeito, mesmo que por uns poucos minutinhos... não é tão difícil assim.
E isso é só o que peço, se é que tenho direito de pedir algo a alguém, se é que alguém aqui quer algum conselho meu, ou quer fazer alguma vontade minha.
Mas, se não for pedir demais, só peço isso: não aceite, questione.




Postado por Ricardo Ceratti.