sexta-feira, 27 de novembro de 2009

O Segredo.

Por favor, sente-se. Precisamos conversar.
Sabe... assim como existem várias formas de se chegar a um destino, existem várias formas de se significar a vida, os acontecimentos.
E, sinceramente, estive observando a forma que tens encarado tudo que acontece a tua volta.
Conheço teus sonhos de fama e fortuna, e não pense que estou aqui para julgar tais sonhos.
Muito pelo contrário, acho sonhos perfeitamente bons.
Ao meu ver os sonhos servem para motivar-nos, traçando um objetivo a ser alcançado, inspirando para que encontremos o caminho a ser seguido, e dando-nos forças para percorrermos tal caminho.
Porém, tem algo errado.
Há anos que sonhas com as mesmas coisas e, ainda assim, não te vi saindo do lugar.
Queres dinheiro. Muito dinheiro.
Mas te assombra a idéia de trabalhar, de ter um emprego fixo, uma rotina, horários para cumprir, etc.
Ok, assombra a mim também.
Caso tenha acumulado algum dinheiro, já pensastes em investir?
“Não, investir não é para mim”, é o que me dizes.
Ou ainda, outro você me diz que não tem dinheiro para investir, ou sequer forma de conseguí-lo.
Tudo bem, realmente não é todo mundo que tem esse interesse, assim como realmente poupar é uma coisa um tanto difícil mas, mais que difícil, desagradável para muitos.
O que gostas de fazer?
“O que eu gosto não dá dinheiro!”, apressa-te a me informar.
Tai algo novo para mim. Algo que não dê dinheiro.
Num mundo onde pessoas lucram com a expectativa de vida alheia, vendendo seus próprios dejetos, criando bens completamente inúteis que serão a próxima sensação, inventando, praticamente do zero, novos mercados a serem explorados, não consigo imaginar o que exatamente tu gostes que seja tão sem retorno financeiro assim.
“Ah, até dá dinheiro, mas muito pouco”.
E este muito pouco, se me permite a curiosidade, é ainda menos do quanto tu geras de renda fazendo o que fazes atualmente, ou seja, nada?
...
Imaginei.
Não fazer por que então?
E então começa o arsenal de desculpas a serem disparadas.
De preguiça à vergonha. De muito difícil à não saber por onde começar.
Muito bem, ninguém aqui está te obrigando a nada!
Muito longe disso! A vida é tua, e quem deve escolher o que fazer dela é somente tu!
Agora, se não queres emprego fixo, não queres investir, não queres criar ou inovar, não queres sequer fazer o que gostas, então... COMO?
Olha que engraçado! Tu também não sabes!
Deixe-me ver se entendi.
Queres a vida que pediste aos céus, mas não queres te esforçar para alcançá-la?
Ah, muito bem! Quem sou eu pra tirar as ilusões alheias?
Senta-te observando os céus que um dia tua vida encantada cairá junto com a chuva.
Sim, eu já previa que a idéia te agradaria.
Agora, um detalhe apenas.
Consegue nomear tuas ações ao agradar?
Calma, eu explico.
Andei percebendo, também, que, enquanto esperas tua chuva mágica cair, te pões a invejar a vida alheia.
Tentas destituir o valor de todo e qualquer esforço alheio.
Aliás, tentas, com todas tuas forças, não ver o esforço alheio.
Pensas que aquela pessoas faz aquelas coisas por prazer. Claro, ela adora carregar peso, se expor, passar calor, caminhar para cima e para baixo. Certamente não o faz por ter um objetivo, né?
Ou então destituis o mérito alheio. Afinal, só pode ter conseguido isso se engajando em atividades ilegais, se vendendo, pisando nos outros...
Ah, não! Nada disso! Esta pessoa é iluminada! Siiim! Exatamente como tu estás por ser! Para esta pessoa a sorte bateu na porta, avisando do presente que a chuva havia lhe trazido. Tudo cai do céu! Muita sorte e muita facilidade.
E, caso precise de mais alguma coisa, esta pessoa fora abençoada com uma inteligência muito além da normal.
Não, esta pessoa não se esforçou, não quebrou a cabeça tentando encontrar uma idéia que pudesse dar certo, não correu riscos ao tentar por a idéia em prática, não se esforçou em nada para que a idéia desse certo.
Nada disso!
Tudo desceu prontinho dos céus. Que maravilha!
Como é mesmo?
“Para estas pessoas é fácil”.
É, parece que o mundo dos bem-sucedidos está dividido entre os desocupados que conseguem as coisas misteriosamente, e os iluminados, a quem o próprio Deus veio dos céus para entregar algum presente supremo.
Agora, digamos que consigas ultrapassar tais pensamentos.
Que deixes de culpar o sucesso dos outros pelos teus estáticos fracassos.
Vais à luta?
Não... ainda?
Ah, claro! Se fosse tão realizável assim a maioria das pessoas não viveria do jeito que vive.
Tu só te esqueceste de contar com UMA única coisa.
A coisa mais importante do mundo!
O verdadeiro segredo!
Esta maioria das pessoas é tão cheia de subterfúgios para não serem vitoriosos em suas próprias vidas quanto tu és!



Postado por Ricardo Ceratti.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Quedas.

Em meu ímpeto de ajudar, de cuidar, de proteger, acabe não permitindo uma caminhada com as próprias pernas.
Mesmo me esforçando para não fazê-lo, para não ocupar tal papel.
Não vi. Entrou no meu ponto-cego. Não me via fazendo isso.
Mas fiz.
Quem sabe agora ela caia.
O que eu não deixava acontecer.
Quem sabe caia e aprenda a se levantar.
Quem sabe com a queda aprenda a não cair mais. Aprenda a se equilibrar.
Quem sabe?
Talvez minha ajuda, atrapalhava.
Não sei.
Cedo demais para saber.
Tarde demais para meu gosto.
Tempo, faz um favor pra mim?
Nunca te pedi nada (fora voltar no tempo, coisa que não ganhei!!).
Te peço isso: Passa rápido, ok?
Só dessa vez.
Passa rápido, faça o aprendizado acontecer num instante, faça a dor não precisar mais doer, faça com que tudo funcione, volte a ser bom. Melhor!
É... agora é ver cair... de braços cruzados.
Cruel.




Postado por Ricardo Ceratti.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

A mais incumprível das promessas.

Fiz uma promessa impossível.
Uma promessa que sei que não poderei cumprir.
Me achei muito forte e muito capaz quando a fiz.
Agora vejo que não sou nem um, nem outro.
Prometi, por orgulho, que de meus olhos não verteria sequer uma lágrima por ti.
Cada minuto que passa fica mais difícil de continuar honrando minha palavra.
O mais duro é ver teu rosto no lugar do meu quando as lágrimas clamam por liberdade.
Minha dor?
Tua dor?
Dor...
Lágrimas teimosas, não sabem que sou homem de palavra?
Me deixem em paz.
Me deixem...
É, acho que não seguirei sendo tão de palavra assim...

"Broken roses on the steps
Like promises I never kept.
Promisses I never made
But could have honored anyway."
(Nada Surf - Troublemaker)



Postado por Ricardo Ceratti.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Travesseiro.

Hoje não dormirei abraçado no travesseiro.
Acostumado com tua ausência que tanto me dói, encontrei neste objeto inanimado o conforto que tanto tive sede por encontrar em teus braços.
Hoje sem travesseiro!
Não dormirei abraçado nesta representação quase infantil minha da tua pessoa.
Hoje não!
Sem ti. Sem te ter mais, sem poder te dizer ‘minha’.
Nem o travesseiro quero mais.
Aquele que tanto me fez companhia, que tanto serviu para ocupar teu lugar, enquanto eu ficava ansioso para que tu tomasses logo o lugar que é teu por direito!
Não, não quero o travesseiro-tu hoje!
Hoje durmo sozinho. Tantas noites já foram assim, tantas voltarão a ser assim!
Sem tua companhia, real ou imaginária.
Não quero mais, como uma criança com um bico que imagina o seio da mãe, fingir que aquele objeto, tão sem valor ou personalidade, na realidade é a tua pessoa, e me acompanha nessas torturantes horas enquanto me reviro na cama, o que eu chamo de “dormir”.
Não, hoje eu durmo sozinho! Hoje durmo na cama do solteiro!
Aquela cama, tão acompanhada quanto antes, quando tu a ela pertencias.
Tão vazia de significado.
Tão igual de calor e carne.
Tão dolorida.
Tão acinzentada.
Esta cama já se cansou de iludir-me.
Esta cama agora me diz “dormes numa cama de solteiro agora!”.
Esta cama me diz “percebes a diferença?”.
Eu teimo em brigar com esta cama, “não sei do que estás falando!”.
A cama, sempre sábia, sempre com razão, “não percebes, então?”.
Ora, cama maldita! Do que te pões a falar?
“Percebes que nada mudou? Percebes que ao teu lado não há ninguém? Como nunca teve?”
Sábia, maldita, cama.
Ela tem razão.
Nada mudou.
Adeus travesseiro. Cansei do bico.
Adeus, companheiro ilusório.
Nunca fostes quem eu queria.
Estás liberado de tentar sê-lo.
Travesseiro... vá em paz, para o mesmo caminho seguido pela dona da imagem que te faço assumir.
Meu companheiro. Meu substituto tão insuficiente.
Não tens mais lugar em minha cama.
Travesseiro.
Adeus.




Postado por Ricardo Ceratti.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Objetivos.

É genial como um objetivo na vida é capaz de motivar.
Ter planos (e batalhar por eles!!!), sonhos, objetivos a curto E a longo prazo, nos dão um gás enorme.
Uma energia que transborda pro outras áreas da vida.
Tudo fica mais agradável, mais leve, mais fácil.
Um emprego chato, um trabalho maçante, longas jornadas de esmagação no transporte público, uma pessoa desagradável, a rotina...
Tudo fica mais suportável, assim como todas coisas já agradáveis por natureza ficam muito mais prazerosas, próximas, aproveitáveis.
Conseguimos fazer mais coisas. Nossa mente se abre e vemos coisas que antes passavam desapercebidas. Aproveitamos melhor as oportunidades. Vivemos melhor.
Quando não se possui um objetivo, quando se vive por viver, quando se vive para que o dia passe trazendo consigo um amanhã igual, desesperançoso, vazio, acaba-se por entendiar-se com qualquer instante vago ou com qualquer atividade a ser realizada. Acaba-se por, literalmente, morrer de tédio, já que pode não modificar o corpo (duvido), mas certamente mata um pedaço da alma.
Não só mata, como aprisiona. Trancafia a mente num labirinto inescapável de tédio, preguiça e desmotivação.
Logo se passaram anos da vida "mesmissica", trazendo consigo seus lamúrios e invejas.
E agora é culpa de quem? Cada um controla seu destino. Cada um CRIA seu destino.
Sinceramente, após o prazer imenso (e relacionado) do auto-conhecimento, vem o insubstituivel prazer da luta, do sentimento de realização, do sonho, da conquista.
Ter objetivos não é viver melhor. Menti antes.
Ter objetivos na vida É VIVER!




Postado por Ricardo Ceratti.