sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Vale a pena?

Analisando relacionamentos, tanto meus, quanto de pessoas que posso observar, percebi o quanto as pessoas sentem necessidade de estar "no controle" da relação.
Chega a me assustar a freqüencia que isto ocorre, não somente falo da quantidade de pessoas que age assim, mas, também das quantidade de ações que cada pessoa faz nesse sentido. Os chamados "se fazer" das pessoas conhecidas por "fazidas".
O pior de tudo são as conseqüências. Digamos que A e B namoram. B não "se faz", mas A sim. Chega um momento que B percebe sua situação, nota que cada vez está se esforçando mais e obtendo menos resultados, vai reparar que aparentemente quanto mais tenta agradar, quanto mais tenta que o relacionamento seja feliz, puro, bom, mais A "se faz". O que B acaba por fazer? Começa a investir menos, a "se fazer também". B entra no jogo.
E é então que o ruim piora, pois nenhum dos dois tem a capacidade de perceber que ambos perdem ao jogar. Que quanto mais jogam, pior a coisa fica. Torna-se um jogo onde o mais importante é estar no poder. Não importando se a vitória é permanente ou apenas temporária. O importante é estar "na situação".
Estar no controle é tão importante assim? Não parei para refletir muito teoricamente sobre isto mas, será que não é alguma carência de infância? Uma possessividade, uma valorização do ter, uma analidade (de 'provinda da fase anal' da psicanálise)?
Este controle tem mais valor que a naturalidade de cada um? De ser a si mesmo, de curtir a vida de forma verdadeira, de dizer o que sente, de ligar quanto bate saudade, de aproveitar cada segundo, etc.
Será que tem mais valor não ligar, deixar com ciúmes, não ver a pessoa para gerar saudade do que se verem, estar juntos e juntos bem, de trocar deliosos beijos, afáveis abraços, carinhos, do que deixar que o outro, ao começar a adormecer, veja em seus olhos o brilho do sentimento, enquanto lhe faz um carinho na cabeça?
Eu não acredito que esse poder tenha mais valor do que a real felicidade. E acredito haver uma cura para este "mal" (assim o considero). A sinceridade. Sim! Aquela nossa amiga que ultimamente anda bem escanteada da nossa vida. Ser sincero com a pessoa, mostrar o que esta faz, abrir-lhe os olhos para o ridículo de suas atitudes, mostrar que não tem necessidade para este jogo, enfim, ser sincero. Sincero e direto.
Se sinceridade não adiantar, lamento meu amigo ou amiga, o jeito é abandonar a pessoa. Sei que parece drástico mas, como o dito popular, é perdendo que se dá valor. Talvez a pessoa se dê conta de que suas atitudes são infantis demais para um relacionamento sério. Talvez volte para você. Talvez não. Pelomenos você saberá que está ajudando a combater a epidemia e que, no futuro aquela pessoa pensará duas vezes antes de lidar de forma tão imatura com um relacionamento. Quem sabe, ela ensine outra pessoa. Quem sabe o ensinado um dia será o "ser verdadeiro" e, não mais o "ser fazido"?

Por Ricardo Ceratti.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Jogos que ensinam.

Muitas pessoas criticam jogos, os consideram alienantes, responsáveis pela violência, etc.
Agora que a ciência começa a dar os primeiros passos em provar sua utilidade.
Sempre gostei de jogos e sempre aprendi com eles. Acredito que se tu for prestar atenção em qualquer coisa que esteja fazendo na vida, mesmo que isso seja ficar na frente dum computador jogando, tu é capaz de aprender, tirar valiosas lições.
Vamos analisar meu caso para exemplificar apenas.
Aprendi quase todo meu vocabulário de inglês para ser capaz de jogar FallOut.
Desenvolvi o pensar em inglês, sua velocidade e gírias jogando StarCraft pela internet.
Em jogos online fiz amizades que pude trocar experiências, incluíndo amigos de outros países, o que ajudou-me a manter meu inglês em forma.
Aprendi uma imensidão de coisas de história e geografia jogando Civilization.
Aprendi a ser mais criativo, de bem com a vida e sociável jogando RPG com amigos.
Aprendi sobre cultivo jogando Trópico.
Aprendi sobre pensamento estratégico jogando jogos como WarHammer Dark Omen.
Os relacionamentos instáveis entre pessoas ficaram caracterizados jogando Seven Kingdoms.
Me considero com alguma capacidade de saber como agir num tiroteio pelas experiências de BattleField.
Compreendi como nações se formam vendo na prática isso se formar jogando Tribal Wars.
Desenvolvi um pensamento empreendedor jogando Kapilands.
Aprendi algo sobre funcionamento e peças de carros jogando Need For Speed: Porsche.
Isso são só os exemplos que rapidamente pude lembrar, sem grandes esforços mentais.
Jogos de tiro incitam violência? Acredito que só façam isso em quem já tem problemas. Não tem coisa mais relaxante para mim (agora que parei de fumar) do que, quando estou irritado, atirar em soldados inimigos no Battle Field.
RPG forma sociopatas. Discordo. RPG te oferece a oportunidade de viver uma vida com regras diferentes, onde lhe é permitido experimentar coisas que na vida real não seria muito legal. Ok, é fuga da realidade, mas as músicas também não são? E que mal há em fugir da realidade? Quem nunca pensou "Estou cansado hoje! Gostaria de morrer só por uns dias e depois voltar." É, a vida algumas vezes nos esgota as forças. Brincar de ter outra vida alivia essas tensões e dão gosto para a criatividade. Quem joga RPG mata os colegas da faculdade? Não. Psicóticos que não sabem distinguir realidade de fantasia o fazem.
Crianças não aprendem com brincadeiras? Na faculdade de psicologia muito escuto dizer que é fundamental que as crianças tenham tempo para brincar, pois isso as desenvolve. E quem não é criança, não pode aproveitar isso também? (moderadamente, obviamente)
Devemos é explorar esta área! Buscar criar jogos mais divertidos e mais instrutivos. Aprender não precisa ser chato ou para quem realmente gosta do que aprende. Desde cedo aprendemos a desvalorizar o aprender. Querer criar leis proibindo jogos, RPG ser ilegal, carmagedom com zumbis, etc. Bobagens antiquadas de quem pensa pequeno demais.
"Disculpa a sinceridade."
Já devem imaginar o que vem por aí da minha parte, né?


Postado por Ricardo Ceratti.