segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Adiante

Um passo adiante dolorido é melhor que a inércia anestesiada.




Postado por Ricardo Ceratti.

sábado, 21 de dezembro de 2013

Quem imita quem?

Há anos que tenho uma dúvida que me perturba.
Noto que existe uma semelhança muito grande entre os comportamentos cotidianos das pessoas "normais", e os comportamentos expostos pela televisão, cinema, revistas, até livros, dependendo do caso.
Recai com grande peso sobre mim a dúvida do Ovo e da Galinha. Quem diabos veio primeiro nessa história?
É a arte imitando a vida? Sendo assim, as pessoas são assim mesmo e está meramente sendo feita uma espécie de fotografia do paradigma atual.
Ou será a vida imitando a arte? As pessoas, no ápice de sua insegurança, buscando com o que se identificar, buscando formas de serem aceitas, acabam buscando nestas amplas difusões onde se espelhar.
Talvez seja ambos. Talvez haja uma sinergia na qual uma hipótese alimente a outra, gerando um ciclo constantemente retroalimentável.
Tenho minhas dúvidas de como a dinâmica se balanceia.
Se a arte meramente imita a vida, teria realmente graça suficiente para ser tão comprada? Para ser tão interessante?
Alguém iria assistir um filme no qual por horas um sujeito acorda de manhã cedo, toma café da manhã, se veste, pega um meio de transporte, vai ao serviço, almoça, fica mais um tempo no serviço, volta para casa, lava uma roupa, uma louça, assiste um pouco de televisão, toma um banho, janta, e vai dormir?
Ok, obviamente que qualquer coisa que fuja da mesmice rotineira, que desperte alguma emoção, que surpreenda, fica muito mais interessante. Mas aí meio que perde o senso de onipresença que parece existir, não?
A hipótese da vida imitar a arte parece um bocado viável, uma vez que em nossa espécie existe uma coisa chamada "adolescência".
Esta tal de adolescência é um período no qual as pessoas não possuem a menor ideia de quem são, de como devem se portar, do que devem pensar ou acreditar, gerando uma insegurança tão, mas tão grande, que as impele a ridicularizar umas às outras de forma a usar o ataque como bomba de fumaça para que os atacantes não sejam o foco do olhar, ou seja, não sejam atacados. O que obviamente gera mais insegurança (é tipo viver a guerra fria, com sua corrida armamentista, no cenário "colégio").
Como resolver esse amontoado de dúvidas? Ora, se inspirando em alguém. Ou em alguém popular (o que parece ser a principal "condição de vitória" nessa época) da vida real, ou alguém mais popular ainda: alguém que o seja, e seja aceito/a por quase uma unanimidade de pessoas num número infinitamente maior do que aquele que qualquer pessoa possa ser vista, conhecida ou conhecer pessoas - alguém da ficção, especialmente aquela audiovisual.
Minha teoria pode estar completamente furada, uma vez que a adolescência acaba, os objetivos, os valores, as motivações, mudam. Mas, da mesma forma que tal fato pode invalidá-la, é possível argumentar que os efeitos não cessam simplesmente da noite para o dia. Eles perduram e, uma vez que a imensa maioria se comporte de determinada maneira, uns irão influenciar os outros (sem nem mais precisar da arte que possivelmente deu o pontapé inicial).
Veja só, somos uma espécie bem retardadinha. Por economia de pensamento partimos do pressuposto de que a maioria está certa e que não é preciso pensar a respeito disto. Logo, uma vez convencendo a maioria a se portar de uma determinada maneira, esta maioria exercerá uma influência ativa e passiva nas minorias divergentes, bem como uma influência ainda maior nas minorias ainda indecisas.
Caso eu esteja certo, uma dúvida parece pertinente: Não seria melhor influenciar a população em coisas mais saudáveis? Mais naturais? Mais solidárias? Mais sinceras, diretas, honradas, relevantes, respeitosas?
"Melhor pra quem, Ricardo?"
Tenho uma ideia ainda mais louca! Não seria mais interessante encontrar uma forma de simplesmente não exercer tal influência e ver qual caminho será seguido?
"Segues sonhando com um mundo sem engenharia social, seu tolo?"
Complicadíssimo de testar tais teorias. Mas que eu gostaria de pô-las em prática, ah gostaria!




Postado por Ricardo Ceratti.