quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Reflexão XXII.

A loucura possui uma força implacável.
Nela urge o desejo de sair, de ser externalizada.
Se não o fizer de forma saudável, certamente encontrará outras maneiras.
E muitas vezes as outras maneiras acabam atrapalhando nossas vidas. Acabam sabotando nossos interesses, destruindo nossas conquistas, minando nossos sonhos.
É como um ar que não para de inflar um balão. Podemos abrir o bico e deixar o ar vazar controladamente, ou o balão pode explodir.
Somente o autoconhecimento nos permite saber como fazer esse "abrir o bico".

Um agradecimento especial à pessoa que me fez perceber isso (ela sabe quem é, não revelarei minha fonte!).




Postado por Ricardo Ceratti.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Vícios

Ao longo de nossas vidas desenvolvemos inúmeros vícios.
Dos bons aos ruins, dos úteis aos disfuncionais, dos quais nos livramos facilmente aos que nos acompanham até o fim de nossos dias.
Existem inúmeros tipos, classificações, qualidades e intensidades.
Podemos ter vício por alguma droga ilícita.
Ou por alguma droga lícita.
Esses são os mais fáceis de lembrar, os mais caricaturizados.
Sujeito que fuma um baseado todos os dias. Aquela pessoa que não consegue fazer nada se não toma um gole de cachaça. Aquele conhecido que fuma um cigarro atrás do outro.
Nossa organização como sociedade, bem como seus devidos modismos e regras implícitas, propiciaram novos tipos de vício.
Vício de trabalho: aquela criatura que sai horas depois que o expediente terminou e ainda leva trabalho para casa.
Vício por malhar: o sujeito que é virado em músculos, ou aquele que vai todo dia na academia malhar por horas a fio, sem esquecermos do detalhe que escolheu uma academia longe de casa para aproveitar e dar uma caminhada.
Vício por festas: aquela pessoa que literalmente passa mal se fica em casa numa sexta ou sábado à noite.
Vício por companhia, ou aversão a solidão: sempre saindo, sempre com amigos, sempre ficando, sempre começando um namoro assim que termina o anterior.
Temos uns vícios um tanto complexos também.
Vício por atividade, ou terror de encarar a si mesmo: este tipo é bem comum em nossos dias. A pessoa não se permite parar um instante sequer. Inatividade é pecado. É preciso sempre estar fazendo algo, por mais banal que seja.
Temos o famoso vício em jogos, com o conhecido "vou apostar mais e recuperar tudo que perdi" que nunca dá certo.
Vício em adrenalina, vício em filmes, vício em atenção, vício em dirigir...
Enfim, infinitos tipos, pois já usei o título deste texto por vezes demais.
Mas tem um tipo que muitas vezes não recebe a atenção que merece.
Os vícios de comportamento que "herdamos" ao conviver com as pessoas.
Claro, é normal que com o convívio se passe a usar aquela gíria do amigo, que acabe tendo os mesmos gostos por comida que o namorado, que acredite nos mesmos extremismos dos pais, que se tenha o mesmo fervor de um professor. Enfim, é completamente comum absorvermos um pouquinho do comportamento das pessoas com quem convivemos, que admiramos, que amamos.
Mas isso não é algo lá dos mais funcionais.
Eventualmente se começa a andar muito com outro amigo, com o qual não se pode ter as mesmas intimidades que tinha com o outro amigo.
Ou um novo namorado, com quem os hábitos do antigo relacionamento não se fazem funcionais.
Ou conviver com novas pessoas, de mente mais aberta que nossos pais, e nos darmos conta de que existem tonalidades de cinza, as quais precisamos respeitar para que o convívio seja possível.
O fato é que muitas vezes internalizamos algum comportamento tão fortemente que nem somos capazes de perceber que aquilo não é 100% nosso, 100% funcional ou 100% certo.
Rapidamente "a culpa é do outro", e o status quo é mantido.
Muitos relacionamentos, de todos os tipos e em todos os níveis, são sabotados por tais vícios. Relacionamentos aos quais sequer é dada uma chance verdadeira, pois acabamos tratando a nova pessoa como se fosse a pessoa antiga, sem permiti-la ser a si mesma, nos surpreender ou nos mostrar novas formas de ser, de resolver problemas, de se relacionar, etc.
Porém a experiência vai acabar mostrando que o problema pode muito bem estar conosco. Afinal, não é possível que o mundo inteiro esteja errado. O mundo inteiro, menos eu.
Abrindo a cabeça percebemos que algumas coisas podem mudar para que seja alcançado um melhor convívio, uma interação mais sadia.
Percebemos que as pessoas são diferentes. Que nem toda pessoa deve ser aproximada com facas e escudos, assim como nem toda pessoa deve ser aproximada de coração aberto e com confiança.
Desta forma nos livramos deste maldito vício, nos permitindo aprender a lidar com este monstro assustador que é o novo. Construímos algo do zero com as novas pessoas em nossas vidas, crescendo com esta experiência e abrindo espaço para o desenvolvimento de algo que pode se tornar um relacionamento muito bonito e valioso.




Postado por Ricardo Ceratti.