terça-feira, 4 de março de 2008

A dualidade da vida.

A idéia para este texto era de ele ser entitulado de "Pensamentos". Seria tipo de um diário. Mais um lugar para eu jogar as coisas que me passam pela cabeça. Mas, pra variar, a coisa se ligou a outra coisa, foi aumentando e cá estamos com um texto. Ainda não concluí se eu ser assim é bom ou ruim. As vezes eu tenho ótimas sacadas, outras eu sou inconversável.
Mas chega de besteira, vamos ao texto.
Certamente todos nós já percebemos como a vida muda facilmente. Como uma escolha altera o rumo de tantas coisas. Certamente você já deve ter conhecido uma pessoa que veio a ser muito especial apenas por algum "acidente". Seja um engarrafamento, seja por ter que realizar uma tarefa enfadonha, enfim, seja pelo que for, aconteceu. E pode acontecer de nos abismarmos com a fragilidade de tudo. Os "e se" da vida. E se eu fosse por outra rua? E se eu me negasse a levar o lixo pra fora? E se do lado do hotel não fosse uma tabacaria? E se eu preferisse afundar no sofá vendo televisão ao invés de ir naquela festa que tinha tudo para ser chata?
Uma coisa eu posso afirmar: este é o caminho mais curto para enloquecer. Pelomenos para mim seria.
Em alguns momentos as mudanças podem até nem ser tão gradiosas. Podemos não conhecer ninguém. Podemos não encontrar uma nota de cinco reais dando sopa no chão. Podemos não ficar sabendo de alguma coisa do nosso interesse. Nem nada demais. Porém podem acontecer coisas que mudam nossa vida sem nos darmos conta. Isso é o incrível da coisa: TUDO nos afeta e afetamos tudo! E até as menores coisas, as mais imperceptíveis, têm seu peso. Um lixo no chão, cruzar com uma pessoa mal encarada, um caminhão lhe perfumar de diesel, uma leve tropeçada, etc. Ou o outro lado: Ter um trajeto calmo e sem muito barulho, uma pessoa ser simpática com você (ora, pode ser até lhe dar passagem no trânsito ou no corredor para descer do ônibus), uma chuva esperada ou não pegar a tal da chuva. Todas as pequenas coisinhas do dia vão se acumulando, se somando e subtraindo, até mesmo se multiplicam em momentos mais marcantes. O final do dia é o resultado de nossas escolhas e do que nos aconteceu durante o dia.
E estas escolhas? Nós pesamos as coisas muitas vezes de forma tendenciosa. Damos mais valor para o que estamos acostumados, para o que desejamos ou mesmo para nosso costume, rotina.
Um exemplo simples de mim mesmo. Ônibus. Eu odiava andar de ônibus. Quando eu comprei minha moto foi uma alegria só. Quando deu perda total na minha moto foi um inferno. Quando roubaram minha moto foi um inferno. Vezes dois. Mas, hoje eu percebi que existem coisas positivas em andar de ônibus que eu não me permitia ver. A vida toda eu sempre pensei muito nestas longas viagens para casa mas, só atualmente estou dando valor para estes pensamentos. Voltar para casa no veículo particular muitas vezes é missão solo. Ok, algumas vezes se ouve música, outras se dá carona para alguém, mas quando é no transporte público se tem a chance de falar com aquele amigo que há muito vocês não encontravam tempo para trocar uma idéia. Ou ver algo que desperta uma idéia. Apreciar alguma cena que o inspire. Ouvir o papo alheio e acabar se informando de algo que tinha curiosidade.
Bom né? Até deu vontade! Não é bem assim, existem coisas e coisas. Alguns pontos positivos, outros tantos negativos. O que eu quero dizer aqui é que aquele calculozinho dos positivos e negativos da vida não funcionam de maneira linear. Podemos estar nos sentindo um pouco carentes e a conversa com aquele amigo é o que nos abastece de ânimo, mesmo que o cansaço poderia nos fazer preferir voltar sozinho de carro direto para casa por exemplo. Algumas coisas, não importando seu tamanho real, acabam pesando, em determinados momentos, mais que outras. E é exatamente aí que entra o que eu considero o problema. Não só não somos bons o suficiente em saber qual necessidade está (ou estará já que pode mudar muito rapidamente) com peso maior, como também não sabemos o que há de acontecer.
Talvez se pudéssemos prever o que aconteceria, saber o resultado de cada decisão, cada passo, pudéssemos escolher com clareza. Talvez nos conhecendo melhor saibamos qual a melhor escolha. De qualquer maneira não ficaríamos satisfeitos, pois este seria um caminho diferente do nosso caminho atual e, então sentiríamos falta de outra coisa: da surpresa.




Postado por Ricardo Ceratti.

Um comentário:

Isa disse...

É mesmo impressionante como uma simples coisa pode marcar toda nossa vida, ou apenas mudar nosso dia. Quando li sobre encontrar um amigo no ônibus e se sentir um pouco melhor, mesmo estando cansado... nossa, ja passei tantas vezes por coisa assim, de estar triste, ou cansada mesmo e encontrar alguém que tenha me animado apenas pelo encontro. Ou mesmo o contrário, uma pequena coisa que aconteceu que me destruiu por completo, mesmo que por poucos minutos. Essa coisa de ter tudo mudado em consequencia de um fato pode ser fantástica, mas quando a coisa muda pra pior, acho que pior que a situação são mesmo os "e se"... Principalmente mulheres eu acho, quase morrem pelos malditos "e se"... "e se eu não tivesse ligado" "e se eu tivesse dito" "se eu não tivesse dito"... Uma tortura! As pessoas passam horas pensando como poderia ter sido.
Mas no fim das contas, sendo mudanças boas ou ruins, essas mudanças são realmente o que dá tempero à vida. Parece filosófico, e até brega, mas ter algo transformado por uma coisa que tu jamais imaginaria que faria diferença... é simplesmente incrível.
(e eu tenho que parar de filosofar nos comentários :$)