sábado, 2 de agosto de 2008

Inclusão?

Hoje em dia a moda é inclusão, seja ela qual for.
Existe uma preocupação em abrir espaços igualitários para os diversos "tipos" de pessoas. Porém ninguém pensa nas conseqüências disto.
Uma pessoa modela seus pensamentos, valores, crenças, comportamento, de acordo com o ambiente em que se desenvolve. Essa modelagem serve para adaptá-la ao meio em que vive, para garantir sua sobrevivência ou para buscar status entre os membros do grupo ao qual pertence.
Porém cada grupo tem suas características, muitas vezes contraditórias às características de um outro grupo. A união de ambos pode gerar mal-estar ou até resultar em conflito (seja lá de qual categoria).
Não vamos incluir punks em grupos de skinheads, militantes de direita no PT ou PSTU, "maloqueiros" em faculdades ou eu em festas chiques.
Eu não saberia me portar. Me sentiria desconfortável, ridículo. Provavelmente eu faria coisa que acho normal e seria expulso por comportamento inapropriado. Quem mandou me deixarem entrar mesmo?
Agora se fosse feita uma inclusão: Todos meus amigos também podem ir. Provavelmente não nos sentiríamos desconfortáveis, faríamos as coisas no nosso jeito e não poderíamos ser expulsos, afinal, temos o direito de estar ali.
O que acontece com as pessoas que viviam naquele meio? Se sentiriam desconfortáveis com nosso comportamento. O jogo mudaria, eles se sentiriam mal e provavelmente saissem espontaneamente por não estarem mais gostando do ambiente, da festa.
O que aconteceu com essa "inclusão"? Quem não pertencia passou a pertencer, quem pertencia não quer mais pertencer. Incluindo uma classe "inferior", excluíram os habitantes atuais.
Toda inclusão é pensada assim, de baixo para cima. Ninguém pensa no contrário. Já pensou se os "grã fino" inventam de ir de maioria num baile funk? Estraga a festa também.
Eu sou contra a panelinha e sou contra existirem regras de comportamento. Acho que os espaços realmente devam ser abertos, mas não assim: "Abriu! Entrae cambada!". É muito fácil simplesmente abrir mas, e quanto à educação das pessoas? Não só educação do estilo "eu terminei o ensino tal", também saber que cada coisa tem sua hora e lugar. Se uma pessoa não é capaz de estar num ambiente sem criar conflito desnecessário com os outros, ela não deveria nem estar naquele ambiente.
Mais uma vez nosso país tenta diminuir as desigualdades de forma forçada, sem preparo e do jeito mais fácil. Deve ser tradição isso de não trabalhar com as coisas desde sua base, de fazer as coisas só para "inglês ver".
Agora, se me dão licença, vou juntar uns cabeludos para irmos num pagode. ¬¬




Postado por Ricardo Ceratti.

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