quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Burocracia do pensar.

Nossa captação e difusão de conheciamento é algo tão burocratizado né?
Não quero entrar no mérito dos motivos de haver tal burocracia, apenas citá-la.
No colégio aquela imensa carga que, para a grande maioria, jamais terá utilidade. Mas também a aprendemos de forma lenta. Semanas repetindo a mesma matéria. Deve ser para adormecer os cérebros inteligentes para que emparelhem com os cérebros mais lentos.
Colégio, colégio. Até entendo aprender de tudo um pouco, só assim para descobrirmos o que gostamos. Até pelo fato de sermos jovens demais para sabermos o que é melhor. E quanto ao emparelhamento, bem, assim é mais fácil para os professores e a escola em si de lidar com os alunos (mesmo que isso custe uma parte da inteligência deles).
Então, terminamos nossa pena! "Agora tenho escolhas!" "Agora EU vou escolher o que é melhor para mim!" Então, iludidos que aprenderão uma infinidade de coisas e que ficarão mais bem posicionados no mercado de trabalho, legiões de adolescentes (uns mais, outros menos) entram na faculdade.
Longa vida ao ensino superior!
Uns cursam o que os pais querem, outros cursam o que dará mais "status", alguns abrem mão do que gostam pois "não tem futuro" e, realmente, uma minoria acaba cursando o que gosta, ou pensa gostar (mesmo que seja necessário pular amarelinha com os cursos para descobrir o que gosta).
Ú-tererê! Pilha total, ânsia por aprender. Rapidamente são colocados na "esteira da imbecilização". Não apenas se repete o movimento de aprendizagem "emburrecente" do colégio (repete mil vezes para os burros entenderem e os inteligentes desistirem) como também entope os alunos de conhecimentos inúteis, banais, desinteressantes e desmotivadores. Toda faculdade que entrei ou conheci alguém que cursava é a mesma história: "Os primeiros semestres são chatos, depois fica legal". Q bom né? Quanto a motivação está alta temos de aguentar coisas entediantes. Quando não estamos mais motivados que recebemos as glórias do saber.
Introdução.
1.
2.
3.
Religião.
Filosofia.
Sociologia.
Cadeira que o próprio professor diz "sei que isso não é da área de vocês. Esta cadeira é só para terem uma breve idéia". Sim, uma breve idéia de como perder tempo e dinheiro. Ah, sim! E motivação!
Então, muitos anos depois, você resolve analisar os benefícios do seu curso superior. "Isso aprendi sozinho" "Isso eu já sabia" "Isso um amigo me disse" "Isso entendi observando o funcionamento das coisas". Muito pouco é "Isso foi graças àquela cadeira que tive no semestre tal". Deprimente, não?
Chega a ser um conhecimento intuitivo. Claro, não acontece para TODOS. Algumas pessoas não são tão atentas ou desenvolvidas em um determinado aspecto que facilita a aprendizagem de um determinado assunto.
Também não é qualquer um que consegue ver o óbvio ou usar a lógica para resolver os problemas.
Chegamos no trabalho de conclusão! Burocracia maior não há! Normas da ABNT, regras para produção textual, necessidade de dizer o que os outros pensam, modelinho de orçamento (nem estou pedindo financiamento...), de cronograma (não é todo mundo que consegue fazer as coisas de forma organizada e planejada)... nem pense em errar na capa! Já pensou o pesadelo? Esquecer a folha de rosto? "Mas isso não é aquela folha em branco no início?" "É sim." "Qual a utilidade?". Haaaaam...
Passando por todos processos burocráticos com louvor lhe será permitido que pesquise, mas não seja muito inovador ou criativo. A moda é descobrir o que outros já descobriram... só que com outras palavras!
Isso parece demorado e inútil né? Ok, tem alguma utilidade, mas bem menos do que benefícios (ao menos em casos em que não se interfira na vida das pessoas).
Anos de pesquisa, de leitura do que outros autores pensam, de autorizações, de formatações e "tcharaaaaan"! Descobriu a causalidade de um traço de personalidade!
Um belo dia eu converso com um amigo. Ele nunca sequer considerou fazer psicologia. Talvez nem se considere um observador ou pensador do comportamento humano. Nunca ouviu falar em nenhum autor que estudou traços de personalidade. E, olha só, mal pensou e já concluiu a mesma coisa que o nosso pesquisador.
Que coisa, não? Será que meu amigo é um gênio ou será que estamos burocratizando demais?




Postado por Ricardo Ceratti.

Nenhum comentário: