quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Desabafo.

Estava conversando sobre como esse nosso país me deprime e acabei me emocionando no desabafo e fui além.
O postarei na íntegra:


Não importa o quanto tu te esforce parece que sempre tem alguma merdinha para dar.
Todo mundo é muito esperto.
No Brasil parece que o errado é fazer as coisas direito.
Todo mundo sacaneia, todo mundo rouba, todo mundo mente.
E tudo está bem.
Parece que quanto mais sacana... mais corrupto tu for, melhor.
Não dá vontade de nada sabe?
Eu tinha varios planos para melhorar o país.
Claro que eu não sei da realidade.
Talvez meus "planos" sejam fora da realidade.
Mas eu passava noites e mais noites em claro pensando em como melhorar.
Agora eu só penso que está fudido demais para tentar consertar.
Que vale mais a pena desistir.
Abandonar sabe?
Se tu roubar bastante tu vai ser valorizado.
Agora, tu faz uma faculdade e todo mundo te explora.
Tu paga faculdade, paga estacionamento, paga xerox q é mais caro que no resto dos lugares, paga transporte, é assaltado, é obrigado a fazer estágios que nao remuneram e tu inda tem que pagar uma cadeira para isso.
*A maioria das pessoas não se importa ou mal tem comida para ficar pensando nisso.*
Ou se aproveita da situação.
Às vezes me parece uma luta constante para sobreviver.
E que é uma luta em todos os fronts.
Tu tem que agüentar a hipocrisia.
Tem que agüentar aquelas aulas idiotas.
Tem que agüentar a idiotisse dos colegas.
Tem que engolir sapo com os professores.
Tem que fazer seguro no veículo.
Tem que estar de olho aberto na rua.
Tem que ser xingado por ter sido assaltado na rua tal... afinal "não se deve passar por ali denoite".
Tem que ser ridicularizado pela polícia.
No meu caso eu já apanhei da polícia, já fui ignorado pela polícia.
Tem que estudar.
Mesmo não conseguindo ver o resultado proveitoso dos teus estudos.
E quando tu vai estagiar, tu tem que pagar para trabalhar.
Tem que estar esperando e perdendo ônibus.
Gastando com ônibus. E horas de viagem.
Tendo que comer algo ruim e nada saudável na rua só para se sustentar enquanto estagia e estuda.
E então tem que correr de um lugar para o outro.
Não ganha sequer um "obrigado" no estágio.
Um "Está indo bem".
Nenhum reconhecimento.
Tu faz amizades, confia nas pessoas. E as pessoas te sacaneiam e te traem na menor oportunidade de lucro que surge.
Tu curte alguém. Tu tenta algo. A pessoa te desaponta, decepciona, sacaneia...
Tu organiza algo pras pessoas. Todo mundo pentelha que não tem. Tu vai lá e te mata para organizar um troço que não saia caro. Mas na hora 'H' ninguém mais quer ir.
Sabe? Existem muitos fronts na vida e parece que a pessoa está tomando pau em todos.
É deprimente isso.
Ae chega o final de semana e tu quer ver se faz algo para ganhar um pouco de ânimo.
Decide ir numa festa com os amigos para arejar a cabeça.
Mas faltam amigos pilhados.
Ou só querem ir em festas caras ou chatas.
Ae tu te liga que as opções de festa na tua cidade são ridículas.
Mínimas e podres.
Ae teus amigos vão numa festa. Rola tiroteio e gente conhecida deles morre.
Ae tu vai na frente de um bar com teus amigos. A polícia faz batida, revista todo mundo e depois ENXOTA as pessoas, as obrigando a andarem algumas quadras.
Ae tu pensa que um trago violento vai te fazer esquecer... vai te ajudar a aguentar...
Mas não tem mais festas decentes para isso.
Ou estão caras.
Ou a bebida é quente.
Ou a bebida é ruim.
Ae já não vale mais tanto a pena.
Mas não faz tanta diferença assim.
Já que beber para melhorar as coisas nunca deu muito certo mesmo...
Ae tu vai no parque no domingo.
Ae tu perde a carteira e te fazem de idiota.
E tu tem que agüentar aqueles emos pulando e berrando perto de ti.
Tu tenta ir num lugar mais decente e todo mundo quer bancar maioral.
Os pseudo-intelectuais.
Quem sabe não fico em casa mesmo?
Ae o tédio consome.
Os amigos ficam aporrinhando que não sair é deprimente.
Deprimente é sair na real.
Ae o desânimo vai batendo e as coisas que tu gosta de fazer começam a te dar preguiça de fazer.
Tu deixa de desenhar, de escrever...
E ae quando vê, tua vida se resumiu a atividades de não pensar.
Passa o dia vendo tv ou jogando joguinho.
Só para ver se não pensa na bosta de vidinha que tu leva.
Já que a faculdade segue se arrastando.
Tu não agüenta mais aquilo.
Já tem mais da metade dos professores te odiando.
Faz as seleções de estágio e não passa em nada nunca.
Quando passa numa, se desaponta.
Vê que o lugar que tu achou que seria tão legal e aprenderia tanto, nada mais é que uma creche de loucos.
Que não tem quase nada de psicologia ali.
Ae tu tem que fazer coisas imbecis.
Já que tua nota depende disso.
Pra passar tu depende da tua nota.
Pra se formar tu depende de passar.
E terminou mais um dia...
Mais uma semana...
Mais um mês...
Mais um semestre...
Mais um ano...
E teu pensamento agora é o mesmo.
"Tanto faz".
Não tem mais aquela disposição.
Aquele ânimo para as coisas.
Agora é só um fazer por fazer.
Já que a merda continua igual sempre.
Depois de muito lutar.
De muito levar na cara.
De muito tentar mudar.
Finalmente tu percebe que não muda nada.
Que só cansa. Só se desgasta.
E ae todo mundo super feliz com suas vidas maravilhosas.
...
5!
...
4!
...
3!
...
2!
...
1!
...
FELIZ ANO NOOOOOOOOOOVOOOOOOOOOOOOO!\o/
...
...
...
Feliz?
Novo??
Táááááááááaaaaa bom!




* Palavras da pessoa que estava aturando meu blá blá blá.
Postado por Ricardo Ceratti.

2 comentários:

Marina D.Tolotti disse...

Só pra quebrar meu silêncio de ontem:

Uma vez eu tinha orgulho de ser brasileira, hoje eu tenho vergonha!
Engraçado é que eu pensava que a maioria dos meus amigos gostaria de morar no exterior, mas, para minha surpresa, quase todos foram unânimes ao afirmar que prefeririam viver aqui. Isso realmente me intriga, não sei que sentimento motiva essa vontade de permanecer em um país como o nosso. É fato que eu conheço muito pouco sobre os outros países, e certamente perderia coisas (boas), caso deixasse o Brasil. Mas numa visão superficial, parece-me que há lugares no mundo onde se pode andar com relativa segurança nas ruas, onde há leis e elas são cumpridas, onde a qualidade de um trabalho é valorizada, onde não é regra um governo ser corrupto (ou descaradamente corrupto).

Injustiça há em qualquer lugar, mas aqui parece que ela é totalmente aceita como parte de nossas vidinhas, onde agradecemos a deus por apenas terem nos assaltado e não nos matado, ou por terem roubado alguém que estava ao nosso lado e não a nós. Há um descaso de nós mesmos com nossas vidas. Mesmo quem se indigna, é da boca pra fora, na verdade, já está conformado que é assim mesmo e não há nada a ser feito!

É fácil,todo dia, se sentir idiota por fazer as coisas certas, sentir-se desvalorizado, ou entrando e saindo de ambientes hostis. Mas se fazemos as coisas certas é porque acreditamos que devemos agir assim. Mesmo que nosso esforço não seja reconhecido, pior seria, para nós mesmos, se fossemos sacanas e oportunistas. Se ninguém valoriza isso, que ao menos nós reconheçamos o que somos. Certamente alguém vai notar, e essas são as pessoas que realmente valem a pena. Infelizmente temos que suportar muitas coisas, por isso é preciso se agarrar aquilo ou a quem nos faz forte, ao que dá sentindo a nossas vidas.

Cada dia eu valorizo mais atitudes de compaixão com o outro, respeito e empatia. Várias vezes, pelo menos comigo, ocorreram situações que me deixaram muito feliz e com certa esperança no ser humano. Por exemplo, já me deixaram passar à frente na fila do mercado porque eu estava com apenas uma mercadoria; esqueci um caderno numa farmácia e um desconhecido correu um bom pedaço de caminho pra me devolver; até mesmo um guri de rua que de certa forma me ofendeu foi repreendido pelo outro garoto que estava com ele, o qual disse: “olha a falta de respeito com a moça!” São essas coisas que eu faço questão de lembrar todos os dias. Talvez seja certa ingenuidade de minha parte, mas ainda assim acho válido.

Realmente existe certa hipocrisia em comemorar o ano novo. Eu prefiro acreditar que as pessoas não estão brindando suas vidas “maravilhosas”, mas sim, desejando que o próximo ano seja diferente de toda mediocridade do ano anterior, ou que ao menos, se mudar o mundo ou o país é algo tão distante que elas possam mudar a si próprias, serem pessoas melhores. Eu comemoro o ano novo... Eu comemoro pra ter alguma esperança.

The Drunken Scientist disse...

Nossa... matou a pau!
Pq não falou o que tu pensa ontem?
Eu não sabia que tu era capaz de escrever tão bem... adorei o comentário!
Realmente existem raros momentos em que as pessoas não são podres. Triste é que ficam "nublados" pelos abundantes momentos onde todo mundo tenta bancar o esperto.
Acreditar que as pessoas brindem o ano novo por desejar que o próximo seja melhor eu até posso acreditar. Mas pensar que "serem pessoas melhores" está no plano delas... ou que seja um objetivo tangível... ah, isso eu já não consigo mais reunir fragmentos de otimismo para acreditar. =[
Brigadãããããão pelo comentário! Adorei!