sábado, 10 de maio de 2008

O (ir)real de nossas vidas.

Em nossa relativamente curta, relativamente longa existência aprendemos a ser dissimulados, a não mostrar o que sentimos, a mentir, a controlar nossas vontades e desejos.
O motivo? Quem souber que me explique!
Para proteção. Para defesa. Para criarmos uma atração. Para que "a bola esteja rolando". Por termos nos dado mal de outra forma. Em resumo, para defender nossos interesses.
A incrível arte de traçar uma linha ondulada e acreditar ser a menor distância entre dois pontos.
Isso é mais visto em se tratando de relacionamentos afetivos. Já perceberam que quem diz na cara o que sente, espanta o outro?
Fica a dica do que aprendemos a não fazer nunca:
Depois de uma semana com uma pessoa, dizer para ela que está gostando muito.
Para homens, dizer que não está muito afim de sexo naquele momento.
Para mulheres, falar em compromisso antes de um mês.
Ligar todos os dias antes de um mês.
Dizer que sente saudade tendo acontecido apenas...hum... três encontros.
Entre outras coisinhas. Não pode fazer isso, ok? Por mais vontade que possa dar ou por mais verdadeiro que seja.
Espanta. Assusta. Perde a graça.
Perde a graça, Ricardo? Sim, perde. Aquilo que é 100% seguro não atrai por melhor que seja.
Espera aí! A melhor coisa do mundo seria estar 100% seguro! Díficil de entender né? Depois dizem que o ser humano é um eterno insatisfeito e algumas pessoas não entendem o motivo da frase.
Ora, se a vida fosse perfeita (não consigo sequer imaginar como isto seria) enjoaríamos de tanta perfeição.
Como mantemos nossa existência interessante para os que nos rodeiam? Não sendo 100% sinceros! Mas é tão simples!
Não demonstre a felicidade transbordante que lhe invade. Não fale as palavras bonitas que lhe assaltam a mente. Invente alguma ocupação para recusar um convite. Não descubra diretamente se a pessoa chegou bem em casa após um primeiro encontro. Não esteja sempre presente para seus amigos. Mas, principalmente não se deixe fazer planos! Sua expectativa poderá ser farejada.
Só que viver apenas deste tipo de atitudes imaturas acaba não progredindo. Em algum momento teremos de "pagar o blefe" alheio.
É preciso forçar um pouco a fina barreira que você e as outras pessoas em sua volta criaram com tanto esforço.
Somente forçando ela que será possível diferenciar a realidade das vivências e dos sentimentos, daquelas que foram simuladas.
E...se esbarássemos em seres humanos (ou, aparentemente não) que não fossem assim. Nem de um lado (simulado) nem de outro (esquivado)?
Uma pessoa que adoraria uma ligação no dia seguinte? Que entende a indisposição temporária para sexo? Que não se importe em ouvir a palavra "compromisso"? Uma pessoa que em primeiro lugar venha a maturidade e a amizade. Que entenda e aceite a pessoa como ela é e tenha a capacidade de ter um diálogo aberto com a pessoa com o objetivo de chegarem a um meio termo? (Admito que me interesso pelas idéias de Carl Rogers.) Não seria perfeito?
Quem sabe não começamos por nós mesmos? Apenas tentar receber as palavras e ações das pessoas, compreendê-las, não julgá-las por isto e, numa boa, resolver as situações que surgirem.
No início deve ser difícil, não duvido. Mas está bem longe de ser impossível, certo?
Proponho que todos tentemos. Viver uma vida mais verdadeira.




Postado por Ricardo Ceratti.

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