terça-feira, 12 de abril de 2016

Os dois tipos de banho

Em certos momentos fico conflitado pelo desejo de tomar um banho gelado, e assim me livrar de tudo de negativo que se prendeu à minha pele, com finalidades de parasita, ou um banho quente, e me sentir acolhido e abraçado por completo.
O banho gelado acorda o guerreiro que não acredita em obstáculos, que acredita que pode a tudo vencer. Uma eletricidade passa a ser transpirada e não há tempo a perder.
O banho quente dá colo ao bebê que foi nocauteado pela vida e não consegue mais se erguer. Surge uma necessidade de conforto acolhedor de certas comidas e de dormir. É preciso recuar, se recolher, se isolar o tempo que for necessário para se recuperar.
Obviamente que prefiro os efeitos do primeiro tipo de banho, mas não costuma ser uma escolha.
O fato é que uma faceta depende da outra:
O guerreiro não pode lutar infindáveis batalhas sem descanso, ou correrá o risco de ficar irremediavelmente fadigado, exaurido de todas suas forças.
O bebê não pode recuar e descansar para sempre, ou nada será realizado ou conquistado na vida. Definhará por sua própria insignificância.
Engraçado como o corpo sabe do que precisa.
Mas algumas vezes, ao final de longos minutos de banho bem quente me sinto sufocado por tanto colo e pronto para enfrentar a realidade novamente, invertendo a água para uma ducha gelada.
Graças ao lado frágil o lado forte está pronto para lidar com novos desafios que a vida apresenta.




Postado por Ricardo Ceratti.

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