terça-feira, 22 de julho de 2008

Preconceito.

Ao longo de nossas vidas vivenciamos fatos, vemos notícias, observamos acontecimentos, nos são comentadas coisas, etc. É com este leque de experiências que formamos nossos conceitos. E pré-conceitos.
Graças a estas experiências somos capazes de fazer uma espécie de estatística para nos ajudar a tomar decisões, a agir. Nem sempre essas estatísticas e ações nos são conscientes ou propositais. O fato é que acontecem. E devemos ser gratos por elas. Sem este mecanismo a espécie humana muito provavelmente não existiria mais. Talvez deixasse de existir há muito tempo...
Sabemos bem da importância de tomar 1 decisão rápida, instintiva (com ou sem aspas). É o que fez o ser humano diferenciar os seres pacíficos dos hostis, ou senão, uma expressão facil, linguagem corporal, pacífica de uma hostil.
Porém nossa organização atual (que é mera decorrência de ações e organizações ao longo de nossa história) complicou um pouco essa história de preconceito.
A história nos levou a um dado momento, um dado espaço em que, pessoas, digamos, verdes, acabem sendo a maioria dos cometedores de crimes, a julgar entre os cometedores de crimes. Ignora-se se são a maioria entre a população geral, ou ainda se não é, de certa forma, compelida (mais uma vez, com e sem aspas) a tais atitudes desesperadas. Ignoramos fatos como estes pois não é sobre o que quero tratar, assim como é ignorado pelo observador, uma pessoas, talvez, roxa.
Esta pessoa roxa compartilha do mesmo espaço que a pessoa verde, porém as semelhanças não vão muito além disto. Por sua vez, esta pessoa realiza formas diferentes de interações, pensa demasiado diferente, insere-se em uma cultura diferente, etc. Esta pessoa (roxa) é vitimizada por pessoas verdes algumas vezes. Assaltos, por exemplo. Esta pessoa vê notícias de pessoas, também, no geral, verdes, cometendo crimes, seja assaltando, enfrentando as forças da "lei", sequestrando, etc.
Agora pense, com esta realidade, existiria algo mais normal que esta pessoa tenha preconceito contra pessoas verdes? Certamente que não, mas há poréns. Esta pessoa também observa inúmeras pessoas verdes vivendo sob a mesma cultura, ideais e práticas que ela. Ainda assim, em muitas ocasiões se faz melhor "prevenir do que remediar", e esta pessoa fica com um pé atrás contra pessoas verdes.
Por outro lado as pessoas verdes acabam, em muitas ocasiões, se prejudicando pelo receio das pessoas roxas a seu respeito. E mesmo que não se prejudiquem, ninguém aqui gosta quando alguém, sem, a princípio, motivo algum o julgue ou aja com desconfiança.
Em cena, agora, especialmente para vocês, o tragicômico da história. Pessoas verdes criam um conceito e julgam (preconceito) de que as pessoas roxas possuem preconceito contra eles e, assim como as pessoas roxas agem de acordo com esse "instinto", as pessoas verdes acabam por fazer o mesmo... em resposta. (Como eu disse no início, nem sempre consciente ou proposital).
Em meio ao caos surgem os exagerados. Roxos que dizem "todo verde é marginal". Verdes que culpam tudo, incluindo seus próprios fracassos, aos roxos. Exagerados... tsc... tamanha perda de tempo e falta de pensamento.
Para resolver o problema nosso governo (des-governo, se preferir) entra em jogo e cria leis. Leis mal pensadas (o que é bem típico dos des-governos), que buscam "tapar o sol com a peneira", criar uma boa impressão, encontrar soluções imediatas. Tolos, ainda não aprenderam que um problema de longo prazo se resolve a longo prazo? Com EDUCAÇÃO.
Enfim, se um roxo pisar fora da linha (determinada pelo "governo"), ele pode muito bem ser processado por um verde por racismo. O contrário não se aplica, nosso "governo" acredita que o preconceito é uma via de mão única.
Resultado? Muito simples, os roxos acabam vivendo no receio de falar ou fazer algo "fora da lei". Agora o que era um instinto natural que deveria ser trabalhado para uma melhor adaptação virou não só um crime, mas O crime. Longe de mim ser racista! Entra em jogo a dissimulação socialmente aceitável com o objetivo de evitar o crime, evitar conflito.
Sentindo o gosto pelo poder surgem novos fanáticos verdes, aqueles viciados em processar os roxos. Ou nem roxos, vamos processar quem for lilás! E bordô! Vinho! Rosa! Vermelho! Amarelo? Nada a ver... tá, vai! Até que chega ao êxtase da sua droga, processar os próprios verdes.
Opa! Se verde processa verde, sendo que só deveria servir para processar roxos, talvez não seja a cor o real preconceito! Então os verdes se separam, de forma exagerada manufaturam uma cultura para chamar de sua. Prooooonto! Agora "verde de verdade" precisa estar incluído NESTA cultura, caso contrário vai estar mais para roxo ("e aí já viu...né?").
Claro que entre os roxos também surjem fanáticos. Fanáticos e daltônicos nesse caso também. Genocídios, buscas pela "raça pura" e o diabo. De certa forma também é criada uma cultura que separa roxos de roxos (ou de "não tão roxos", como axam tais fanáticos). Mas o extremismo violento de alguns "roxíssimos" gera uma guerra, das grandes. O extremismo é derrotado, mas ainda existem seguidores.
Diferente desta nova cultura roxa, a cultura verde vinga. Vinga com seus exageros e, a cada dia, se torna um pouquinho mais extremista. Começam a se identificarem com coisas um tanto supérfluas para uma cultura. Seus valores acabam por ser jóias e mulheres em abundância. Isso e armas. É, armas não podem faltar já que pose de mau vira a atitude fundamental desta cultura.
E esta nossa bola de neve não para de crescer e se desenvolver por ambos lados (ou seria pelos quatro lados???). Ainda se fossemos um pouco civilizados e educados. Compreensivos talvez. Diálogo. Coerência.
É... pelo jeito a bola não vai parar de crescer tão cedo. Pena.




Postado por Ricardo Ceratti.

2 comentários:

Comédias, tragédias e provérbios disse...

Perfeito o texto. É EXATAMENTE isso o que acontece.

Fábio.

.: Endorfina :. disse...

"Tolos, ainda não aprenderam que um problema de longo prazo se resolve a longo prazo? Com EDUCAÇÃO."

Simples assim! Educação. Sem mais.