domingo, 12 de julho de 2009

Caminhos.

É muito mais fácil se lamentar pelas coisas que não estão boas em nossas vidas, culpar os outros ou ficar achando que não tem solução, do que se reestruturar, se conhecer, mexer em si próprio, nos valores, nos objetivos, enfim, em toda a vida.
Nos fechamos para mudança e colocamos cada vez mais coisas a serem apoiadas pelos nossos já desgastados pilares.
E assim o pensamento vai ficando cade vez mais fechado, mais fundamentalista. Cada vez mais não aceitamos outra opinião, cada vez mais mostramos os dentes para quem nos questiona, cada vez mais sentimos um inexplicável ódio mortal por quem é diferente, ou mais ainda, por que se repensou e agora é bem resolvido.
Quanto mais tempo a mudança é adiada, mais difícil ela se torna, mais medo ela provoca, mais se acha que não vale a pena. Também, maiores vão ficando as frustrações.
Chega um ponto onde simplesmente é tarde demais para mudar. Simplesmente a vida INTEIRA está apoiada sobre aqueles apodrecidos pilares. E agora? Como abrir mão de algo, quando "algo" é tudo e "tudo" é a si próprio? Como mudar algo e ficar sem nada? Ficar nu. Totalmente despido de valores, crenças, conceitos e preconceitos, relacionamentos, etc.
Tarde demais... é como guardar uma fruta para mais tarde, como se fosse o maior tesouro do mundo. E seguir mantendo-a mesmo depois que o tempo a murchou, a apodreceu. Mesmo depois de claramente não servindo de mais nada. Não sendo mais nada, nada além de um símbolo de algo que um dia pareceu bom, certo. Um símbolo para levar consigo para toda vida. Um lembrete eterno de que não saiu do caminho errado, que seguiu obstinadamente em diração ao precipício da própria existência.
E o pior de tudo é que na maioria das vezes as pessoas conseguem enxergar, mesmo que de relance, que tem algo errado, que precisam mudar, mas acabam optando pela mentira para si. Ah, e cada dia que passa deve ser um "e se..." infernal!
Então, para aguentar este "e se" as distorções começam a ocorrer. Aquilo que falei lá no início. As coisas começam a ser culpa dos outros, como as crianças pequenas acreditam. Começa a busca insana para se cegar, para se convencer de que fez a escolha certa, de buscar motivos para continuar no mesmo caminho! Mesmo que no fundo saibam que este caminho não irá adiante, não resolverá nada, nada melhorará.
"O mundo conspira contra mim!"
"As pessoas só podem fazer isso pra me prejudicar!"
Sim, tamanha é a importância de um-sete-bilhões-avos de existência, né?
Ah, se ao menos tivessem feito aquela curva.
Como seria?
Seria muito trabalhoso, isso eu admito!
Daria muito trabalho, seria muito sofrido, exigiria uma imensa força de vontade. muitas coisas e pessoas seriam perdidas no meio do caminho. Toda mudança tem seu preço. TUDO tem seu preço.
Mas a mudança utilizaria as coisas perdidas como adubo, para criar coisas muito melhores! A felicidade de conhecer a si mesmo não tem preço! Fazer o que se quer, entender o motivo do que faz, se entender, se aceitar, se amar.
Não, realmente, não há nada no mundo que pague isto!

Comicamente tenho percebido muita tristeza nas pessoas que olham para si, que pensam a respeito das coisas.
Admito que cheguei a considerar o caminho da ignorância. Os ignorantes parecem tão felizes, convencendo a si próprios de como são bons no que fazem, de como são felizes, de como suas vidas banais são interessantes e divertidas.
Mas, me dei conta de algo muito importante. Enquanto ignorante é possível esconder (especialmente de si) a tristeza, mas nunca se conhecerá a felicidade por não se permitir procurar pelo caminho que leva até ela. Por outro lado, pensar dói, mostra tudo que está errado, dá aquela sensação de estar sozinho, abandonado, de que não dará conta, "é muita coisa", é muito longe... E esta tristeza é muito mais complicada de camuflar. Porém, estes sabem por onde ir e muitos encontram a determinação para trilhar até o fim. Sem olhar para trás.
Realmente, prefiro seguir no caminho, por mais doloroso que seja.
Tenho fé de encontrar a miha felicidade. A felicidade verdadeira.
A encontrando, nem que seja no meu último dia de existência, já me darei por satisfeito com o quanto fui capaz de alcançar.




Postado por Ricardo Ceratti.

2 comentários:

Ivan Pielke disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ivan Pielke disse...

É assim que fiz a vida toda. Uma hora tem que mudar. Se amar e fazer, uma hora é preciso, tanto pra realmente mudar algo, tanto pra aumentar a confiança em si mesmo de que é capaz de fazer algo de bom na vida e por si mesmo.

Texto fodástico.

A vida pode ser rica de sentido, mesmo na pior das existências. O sofrimento pode ser um sentido, se dele a gente tirar algo de bom e sobreviver com a força que tiver a disposição.

Parabéns.