segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Jogos que ensinam.

Muitas pessoas criticam jogos, os consideram alienantes, responsáveis pela violência, etc.
Agora que a ciência começa a dar os primeiros passos em provar sua utilidade.
Sempre gostei de jogos e sempre aprendi com eles. Acredito que se tu for prestar atenção em qualquer coisa que esteja fazendo na vida, mesmo que isso seja ficar na frente dum computador jogando, tu é capaz de aprender, tirar valiosas lições.
Vamos analisar meu caso para exemplificar apenas.
Aprendi quase todo meu vocabulário de inglês para ser capaz de jogar FallOut.
Desenvolvi o pensar em inglês, sua velocidade e gírias jogando StarCraft pela internet.
Em jogos online fiz amizades que pude trocar experiências, incluíndo amigos de outros países, o que ajudou-me a manter meu inglês em forma.
Aprendi uma imensidão de coisas de história e geografia jogando Civilization.
Aprendi a ser mais criativo, de bem com a vida e sociável jogando RPG com amigos.
Aprendi sobre cultivo jogando Trópico.
Aprendi sobre pensamento estratégico jogando jogos como WarHammer Dark Omen.
Os relacionamentos instáveis entre pessoas ficaram caracterizados jogando Seven Kingdoms.
Me considero com alguma capacidade de saber como agir num tiroteio pelas experiências de BattleField.
Compreendi como nações se formam vendo na prática isso se formar jogando Tribal Wars.
Desenvolvi um pensamento empreendedor jogando Kapilands.
Aprendi algo sobre funcionamento e peças de carros jogando Need For Speed: Porsche.
Isso são só os exemplos que rapidamente pude lembrar, sem grandes esforços mentais.
Jogos de tiro incitam violência? Acredito que só façam isso em quem já tem problemas. Não tem coisa mais relaxante para mim (agora que parei de fumar) do que, quando estou irritado, atirar em soldados inimigos no Battle Field.
RPG forma sociopatas. Discordo. RPG te oferece a oportunidade de viver uma vida com regras diferentes, onde lhe é permitido experimentar coisas que na vida real não seria muito legal. Ok, é fuga da realidade, mas as músicas também não são? E que mal há em fugir da realidade? Quem nunca pensou "Estou cansado hoje! Gostaria de morrer só por uns dias e depois voltar." É, a vida algumas vezes nos esgota as forças. Brincar de ter outra vida alivia essas tensões e dão gosto para a criatividade. Quem joga RPG mata os colegas da faculdade? Não. Psicóticos que não sabem distinguir realidade de fantasia o fazem.
Crianças não aprendem com brincadeiras? Na faculdade de psicologia muito escuto dizer que é fundamental que as crianças tenham tempo para brincar, pois isso as desenvolve. E quem não é criança, não pode aproveitar isso também? (moderadamente, obviamente)
Devemos é explorar esta área! Buscar criar jogos mais divertidos e mais instrutivos. Aprender não precisa ser chato ou para quem realmente gosta do que aprende. Desde cedo aprendemos a desvalorizar o aprender. Querer criar leis proibindo jogos, RPG ser ilegal, carmagedom com zumbis, etc. Bobagens antiquadas de quem pensa pequeno demais.
"Disculpa a sinceridade."
Já devem imaginar o que vem por aí da minha parte, né?


Postado por Ricardo Ceratti.

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Viver na Ilha ou no Continente?

Um terreno no qual por vários anos consecutivos a mesma planta é cultivada, vira terra infértil.
Resumindo o fruto de uma conversa que tive com o Ivan (que alias essa comparação é merito dele).
Será que o mesmo não ocorre com pessoas?
Estava pensando. Se passar anos com a mesma pessoa, acabará se moldando a esta pessoa. Sendo um pouco (cada vez mais e mais) o outro. Sendo cada vez menos a si mesmo.
Se parar pra pensar, quem somos? Nada muito além do resultado dos que nos rodeiam. Somos influência(tanto no sentido direto quanto no indireto[sendo o oposto]) de pai e mãe, de irmãos, tios, amigos, vizinhos, pessoas que namoramos, etc.
Isso é um fato normal, porém, quando a pessoa se dedica com quase (ou total) exclusividade em uma área, um grupo, uma pessoa, as influências acabam por tomar conta de mais do que o que lhe seria coerentemente distribuido. No gráfico da pizza a fatia acaba virando duas, três, meia pizza, pizza e meia...
Isso geralmente ocorre especialmente em relacionamentos amorosos, o que, por sua vez é o foco de minha análise: o namoro.
Uma pessoa passa anos namorando a mesma pessoa e, por mais que tente manter a pessoa com sua fatia, ela, na imensa maioria dos casos, acaba tomando conta de muito mais da pizza do que essa uma mísera fatia.
E é no decorrer e manutenção desse movimento, dessa tomada (quase militar) de espaço na vida alheia, que acaba por exercer mais influência do que qualquer pessoa deveria influenciar na vida de uma outra pessoa.
As pessoas acabam misturando os moldes, o que é uma acaba sendo a outra e vice e versa. As manias, deficiências e até as qualidades (sim, o efeito não é somente negativo) acabam sendo mútuas. A separação de egos, a individualidade se perder tanto que as pessoas acreditam que tal característica é parte de si. Sempre foi. Ou não? Então as coisas começam a serem aceitas com mais facilidade. As divergências diminuem. Ô beleza! A terra já está até arada para o plantio da cana-de-açúcar! Porque não?
Realmente, esse acontecimento, assim como tudo que nos acontece, tem seus por quês. Já pensou estar há 10 anos casado com a mesma pessoa e ainda se irritar om algum detalhe bobo? Ainda reparar em todas coisas não tão agradáveis daquela pessoa? Talvez o Ser Humano tenha sido criado para ser monogâmico...
E as outras pessoas? O que acham disso? Geralmente não vem a ser complicador. Com o cônjuge ocupando tanto da pizza, sobra pouco para dividir entre tantas outras pessoas. E, justamente devido ao pouco tempo que isso passa "batido".
Mas... E se a pessoa tiver que dividir seu tempo de forma mais competitiva com outra pessoa? pode até não atrapalhar no início, mas logo se demonstrará um problema. Os costumes e regras da "ilha" não dão os mesmos do "continente". Uma coisa tão normal, uma regra (de qualquer instância) tão internalizada ou um comportamento tão aceito e natural pessoa seu "outro eu", pode ser extramente fora da realidade para o resto da sociedade. Aí entra o conflito. A pessoa já se acostumou demais com aquela forma de viver, é difícil demais de se adaptar. É difícil demais ser aturada. É cansativo e o esforço geralmente não compensa.
Será que isso quer dizer que o Ser Humano nasceu para ser poligâmico? Solitário? Nômade "relacional"?
Acredito que o problema esteja na visão AINDA ultrapassada de relacionamento que a imensa maioria das pessoas possui. É como eu aprendi nas minhas aulas de Psicoloia do Trabalho. Pode ser lucrativo para a empresa enviar um trabalhador para o estrangeiro para que ele volte com novas idéias, mais criativo, etc. novos horizontes são importantes. Não quero dizer q não devam existir relacionamentos sérios ou fixos, e sim, acredito que as pessoas, por mais que se amem ou possuam algum sentimento do gênero, devam ser capazes de conseguir manter um certo distanciamento entre elas, uma certa capacidade de "olhar para fora", de passar um mês de féria longe, sabendo que quando voltar o relacionamento terá se renovado e, com ele, a saúde social da pessoa terá melhorado infinitamente (não afastando as outras pessoas de si). E, vejam só! Se a plantação tiver algum rodízio, o terreno não perderá seus nutrientes!
Obviamente que para este tipo de movimento acontecer muitas premissas devem ser estabelecidas e cumpridas. Confiança, respeito, capacidade de saber que a pessoa ainda existirá (para você), quando o mês acabar, entre outras. Obviamente não cabe a mim (muito menos neste momento) dizer (ditar?) como se alcança tais ideais. Isso vai de cada um. E sei bem que em alguns (ou muitos) casos isso jamais se concretiza.
Qual a solução então? Eu acredito, que a pessoa manter sua individualidade, intelectualidade, jeito, é o melhor caminho. Neste ponto me vejo obrigado a me posicionar sobre esse "amoldamento". Me posiciono, então, contra. Ao meu ver as pessoas não devem se acostumar umas as outras. Acostumar-se ao outro é resignar-se. É contentar-se com um salário mínimo. É não aspirar uma promoção. É aceitar a corrupção porque "sempre foi assim". É se acomodar na vida, é parar de lutar, é desistir de evoluir. É aceitar virar as costas para o resto do mundo e aceitar a criação de regras próprias (muitas vezes absurdas). É se fechar culturalmente. É viver no seu mundinho. Mundo que, na minha opinião, de dentro parece muito lindo, quando na verdade é sem cor.
Termina o namoro. Que acontece. Tudo será estranho. Vai achar alguém que te "aguente", vai! Vai ver se aquelas regras ainda são funcionais! Um sentimento de deslocamento surgirá e, com este deslocamento a pessoa passará a enxergar cor no mundo uma vez mais. Verá que existem outras formas de ser feliz. Verá como eram absurdas aquelas regras. Verá que se sujeitou a coisas demais. E, talvez, com um bocado de azar, poderá, no futuro, vir a se arrepender de ter plantado a mesma cana por tanto tempo naquele solo que agora não possui nutrientes, sais minerais, solo que deve ser adubado, recondicionado, solo que levará muito tempo até voltar a ser produtivo novamente.

Postado por Ricardo Ceratti.

domingo, 23 de setembro de 2007

É no não que se descobre de verdade

Olhos cansados da noite clara. Eu lembro, por alguns instantes, os meus momentos diurnos onde eu achava que via algo. Quando percebo que a pessoa que há poucas semanas era alguém tão, mas, tão próxima e eu não mais teria alguma importância, percebi que a noite era mais clara do que qualquer tarde ensolarada.

Surgiam pessoas que eu nunca supunha que pudessem sorrir. Algumas davam um ar de psicose, e eu mal sabia que elas estavam sabendo viver e que não havia nada que pudesse dar motivos pra se preocuparem. Não havia ninguém te jogando pra baixo tentando tomar o controle sobre mim. Dentre estas pessoas, não apareceu diante de mim uma pessoa sequer que não me mostrasse o lado bom das coisas vividas. Todas, digo: todas olharam para mim -mesmo que pela primeira vez- mostrando que o que foi vivido foi pra aprender e sentir. Logo após o olhar sempre veio “tu é uma pessoa boa e ninguém pode te deixar assim. Tu és maior do que qualquer maldade”. Obviamente não foi exatamente com essas palavras, mas sempre veio algo em torno disso.

Isso tudo remete a idéia de que, às vezes, as pessoas que mais gostamos precisam te deixar pra baixo pra te ter por perto, porque é nelas que sempre procura algo bom e fica esperando, mesmo que tudo nela aponte para o lado oposto. Mesmo aparentando que tudo está contra, é nelas que sempre pensamos. Para manter o controle de alguém que gosta da gente façamos o quê? A jogamos pra baixo, resgatamos o passado bom vivido e damos um breve adeus. Obviamente esta pessoa –se não for uma psicopata ou alguém parecido com a pessoa que está lhe aplicando a técnica- vai voltar a tentar de todas as maneiras se levantar e mostrar que o futuro pode ser melhor.

Os lugares acabam se ampliando a cada dia que passa após a pessoa não estar sufocada ou sendo jogada pra baixo. Surgem pessoas novas –inclusive algumas que passavam ao seu lado, e você não percebia, por estar preocupado com aquela pessoa que te jogaria pra baixo mais tarde-, filmes de comédia romântica misturados com humor negro acabam fazendo mais sentido, nas festas acaba parecendo que existem mais pessoas –porque você, obviamente, estava mais preocupado com aquela pessoa que daqui a 1 hora te jogaria pra baixo-.

Então o milagre da vida acontece. Você encontra alguém decente e que não fica alimentando de coisas ruins a relação, olha pra frente, faz planos e prefere te encher de beijos ao invés de ficar dizendo aquelas frases tão legais pra vocês cujas você sabe quais são.

O poder do olhar é o maior de todos.

Fim.


Postado por Ivan Pielke

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Descartáveis Solúveis

Como todos sabemos, o mundo está cada vez mais se aproximando de um lugar inabitável. Cada vez mais criamos mais lixo e não cuidamos com o destino dele. Sabemos como e porque reaproveitar o que é reaproveitável, mas pouco é feito quanto a isso.

Talvez o maior perigo para a espécie humana tenha sido a invenção do plástico. Este material feito através de vários processos. Processos estes que deixam resíduos e consomem por ano quantias imagináveis de petróleo.

Quando dizemos que vamos comprar algo falamos como: “Vou comprar água mineral”ou dizemos “Bah, véio! Vô ali no super comprá uma garrafinha de água mineral!”? Os produtos precisam de embalagens para serem comercializados. Essas embalagens quase sempre são descartáveis.

O termo descartável inevitavelmente nos leva a palavra descartar, que remete ao significado de deixar de usar e ter. O tempo do processo de fabricação dos produtos descartáveis é igual ou muito parecido com o tempo que se leva pra descartar este produto.

Talvez a facilidade de fabricação e o tempo que é gasto para o descarte seja a principal variável pra que essa prática seja tão usada.
Agora pensamos na situação que os relacionamentos acontecem atualmente. Um paralelo pode ser facilmente traçado entre as relações sociais e os produtos descartáveis – é quase que redundantes estas duas questões -.

Em menos de cinco minutos compramos um salgadinho e consumimos o que há dentro da embalagem. Em cinco minutos conhecemos mais uma pessoa e já nos despedimos dela. Adquirimos um produto e uma amizade já pensando na sua finitude. Os namoros e casamentos têm durado muito menos do que na época em que a conquista era mais difícil de ser alcançada. Existiam mais floreios, mais caminhos e muito mais romantismo envolvido no processo de conquista da pessoa desejada. Talvez esse trabalho que era preciso ser feito dava a idéia às pessoas de que se foi difícil de ser conquistado, também deveria ser bem cuidado depois de conquistado.

Pensava-se em namorar, noivar, casar, ter uma fonte de renda estável - que desse o sustento suficiente - , uma casa e também ter filhos com o sobrenome do pai. Hoje até se pensa em namorar, porém, os outros processos são bem mais difíceis de acontecer. Penso que isso se deve ao fato do seguinte pensamento: “Se não der certo, não deu. A vida continua e outras pessoas entrarão na minha vida”. Por um lado, isso é muito saudável a saúde mental, por outro, penso que poderia ser bem diferente se as pessoas começassem e não pensassem num possível fim.

As pessoas não mais se dispunham tanto em trabalhar pra uma “eternidade”. Parece-me que é muito difícil ceder, se sensibilizar com o outro, pensar que não existe somente o próprio lado da moeda. Acredito que isso acontece pelo fato de que: “se vai acabar, porque eu vou lutar e arriscar pra que isso dure?”. É muito mais cômodo ficar de braços cruzados, sem fazer nada do que acreditar que pode dar certo e lutar pra isso. Marcelo Camelo já disse: “(...)é a solução de quem não quer perder aquilo que já tem e fecha a mão pro que há de vir”.

Enquanto a pessoa for útil – como a garrafa de plástico -, ela está nas nossas vidas, depois que ela não mais satisfaz as minhas necessidades e anseios, ela deixa de existir sem pensar nas conseqüências que o descarte ocasiona. “(...)que seja infinito enquanto dure” - Vinicius de Moraes -.

"O mundo e o coração – de quem sente e luta – chora pedindo ajuda".

Por Ivan Pielke