quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Mídia e saúde mental

Estava lendo isto:
http://zeitenderliebe.blogspot.com.br/
E desenvolvi um pouco (e meio de qualquer jeito) uma visão e opinião que há muito tenho.
Vou tentar explicar:

O que foi mostrado no texto só mostra o quão perdida é essa luta, a qual travo há muitos anos.
Conheço pessoas razoavelmente inteligente e esclarecidas (daí pra mais), que repetem estas asneiras de televisão como se fossem verdades.
Acabo me irritando ao conversar destes temas com estas pessoas. Não pelas pessoas, mas pelo que passou a existir em suas cabeças.
Partem do completo desconhecimento, aliado ao saudabilíssimo desejo que mudar esta condição, e focam sua atenção para aprender o máximo possível do conhecimento que a televisão se diz oferecer. Tomam por certo tais "verdades", o que não é nenhum espanto, uma vez não possuírem contrapontos para questionar (veja bem que esta frase abrange a imensa maioria daquilo que é passado para a imensa maioria de nossa população).
Eis que acontece a coincidência de falarem comigo sobre algum assunto que "aprenderam" na televisão e que eu aprendi por estudo, por correr atrás, ou pela vida mesmo. Na divergência de versões, desacreditam no que eu falo (compreensível, já que a televisão hoje em dia é a maior autoridade em qualquer assunto, né?), se negam a olhar para o que tento mostrar, para o que tento abrir os olhos.
Acabo me irritando por completo. Longe de fazê-lo com meu interlocutor (que, em parte admiro, pois um dos pilares da vida inteligente já possuem: o desejo de se informar), me irrito com as grandes mídias brasileiras - as quais há muito declarei guerra abertamente.
Minha guerra é pelo vil papel que exercem, ao estupidificar nossa população.
Há mais de década que digo que seria muito interessante se fizessem novelas ou minisséries dos grandes clássicos de nossa literatura, a serem exibidos ao invés dessas novelas que só incentivam a falta de moral, a supervalorização de bens materiais e símbolos de status, a violência, a discriminação, a mentalidade retrógrada, ao despudor, etc.
Assistíamos - já que ninguém se presta a ler - a uma obra de Machado de Assis, por exemplo,  no lugar de grã-finas chafurdando em luxo, enquanto destratam seus empregados, seus filhos e filhas se entregam às mais variadas putarias, ou se envolvem com o tráfico e criminalidade, que são supervalorizados e pintados como algo que até que é bacana.

Outra briga que tenho há anos é pela discrepância que existe entre as informações relativas ao corpo, e a DESinformação generalizada que existe sobre a mente.
Todos temos alguma ideia do que é e o que fazer com uma gripe, uma tuberculose, uma dengue, uma parada cardíaca. Mas somos todos completos imbecis preconceituosos com Síndrome de Down, psicóticos, esquizofrênicos, que olham feio para quem faz terapia, e saímos rotulando todos de bipolar ou défict de atenção.
O pouco de conhecimento que circula sobre transtornos mentais é parte de um grande desserviço.

Mas nada é de graça.
Seja o pouco (ok, nem tão pouco) de informações que temos de um lado, com o tanto de desinformação que temos do outro lado, são mero resultado de uma prática persistente, de longa duração.
Parte de uma complexa e multi/interdisciplinar engenharia social com fins bem definidos. Com interesses bem delineados, favorecendo interesses que certamente não são pelo bem-estar e erradicação de patologias.




Postado por Ricardo Ceratti.

Nenhum comentário: