sábado, 7 de setembro de 2013

Me perdi

Estava pensando num tema super sério, que eu considero importante.
Queria elaborá-lo bem dentro da minha cabeça para, depois, tranformá-lo num texto.
Eis que me distraio com o canto dos passarinhos.
Me dou conta de como as redondezas estão silenciosas hoje, como está raro ouvir barulho de carro, como não tem música ou vozes. Isso tudo permite ouvir melhor o doce canto dos passarinhos.
Rapidamente sou jogado para um momento marcante da minha infância. Não tenho ideia em que ano, que ocasião, ou o motivo de ter me marcado, mas eu sou assim, às vezes as coisas criam uma marca permanente em mim.
Este momento em específico é o descanso pós almoço, sentado "deitadamente" no banco do carro, com meu pai no outro banco, ambos só esperando o tempo passar, a comida baixar, enquanto ouvíamos o silêncio humano e cantarolar dos pássaros, naquela rua lateral de onde meus pais trabalhavam, onde estávamos estacionados. Lembro de tudo. Lembro das folhas, do seu verde, da temperatura, do ar, da umidade, de como estava me sentindo, do tempo que tínhamos.
Este conjunto fechado de lembranças então me invade. Me alegro em ser transportado para aquele momento.
Eis que me dou conta: "Estava pensando algo importante... me perdi".
Rapidamente respondo para mim mesmo: "Não quero me achar", me dando conta de que pela primeira vez em muito tempo eu estava realmente só aproveitando o momento de cabeça limpa, sem a necessidade de estar exercendo alguma ação ou de estar pensando em algo.




Postado por Ricardo Ceratti.

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