domingo, 24 de julho de 2011

Refilmagem

Estava conversando com uma amiga sobre o que são os filmes hoje em dia.
Particularmente, sobre refilmagens.
Claro que para tudo existem exceções, mas de maneira geral me parece que hoje em dia as refilmagens se interessam apenas em efeitos especiais, muito chamariz para os olhos, deixando de lado muita coisa importante dos títulos originais, muitos valores e sutilezas, simplesmente para se adaptar à desgostosa atualidade.
O que é um filme clássico?
No geral um sujeito com muito coração, muito gosto pelo que faz, e pouco dinheiro, se esforça para conseguir colaboração necessária para criar um filme no qual coloca o máximo de sua alma possível.
E as refilmagens?
Um sujeito com muito dinheiro nas mãos, nada de criatividade, nada de envolvimento com a história, contrata uns atorzinhos da moda para fazer a tal da refilmagens, em lugares bonitos, com roupas, casas, acessórios bonitos, com o único propósito de conseguir mais dinheiro.
Para conseguir tal proeza, a história passa por uns "retoques", de forma que se adapte à atualidade e ao que a maioria das pessoas gosta, se interessa por ver.
Então temos o problema que a maioria das pessoas tem uma visível tendência para a ignorância e futilidade.
Logo, o filme acaba sendo uma bela nivelada por baixo.
Mas isso não é problema, desde que consiga muita gente para assisti-lo.
Essas pessoas, com quem a refilmagem dialoga, não vai ter interesse em conhecer o original. E se conhecer, não vai gostar.
O filme original não "fala" com estas pessoas. Não fala sua língua. Não é algo com que possam se identificar, tãopouco algo com que desejem sonhar.
O filme original passa a ser uma relíquia de outra era. É um computador de uma sala inteira, é um instrumento indígena, é um revólver de curto alcance e pouca precisão.
É, enfim, uma peça de museu, sem utilidade.
Uma obra de arte para jamais ser compreendida.
Pois isto não ocorre apenas com filmes. É um mero exemplo para ilustrar onde quero chegar.
Esta é a nossa realidade.
A sociedade do consumo. Da produção em massa. Da valorização do status e das aparências. Da "mesmificação". Da falta de profundidade.
Um mundo onde não se vê e certamente pouco se valoriza quem cria algo por achar bom, cria algo para colocar sua alma, cria um pilar a ser deixado no mundo.
Mas vemos toda hora o produzir para produzir mais.
Criar algo com o único objetivo de conseguir vender.
Uma banda, por exemplo, precisa seguir as exigências de sua gravadora. E nessa briga é o que verdadeiramente o artista quis passar que sai perdendo.
É você quem sai perdendo!
Somos todos nós!
Perdemos pois incentivamos o medíocre.
E do medíocre nos cercamos.
Até não existir mais nada além da mediocridade.
Nada além do ciclo vicioso da mídia.
Que nos convence do que é bom,
Para fazer com que desejemos este "bom",
Para produzir este "bom",
Para "agregar valor" em cima deste "bom",
Para que compremos este "bom",
Para lucrarem com este "bom",
Gerando dinheiro para ser investido em "formar opiniões",
Que nos dizem qual é o próximo bom a ser desejado e vendido...
E os economistas me dizem que não existe fórmula para o dinheiro infinito.
Tolos...




Postado por Ricardo Ceratti.

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