domingo, 10 de maio de 2009

É proibido sorrir.

Engraçado como os valores são...
Andei reparando nas diferentes reações das pessoas quando o assunto é ter pressa para fazer alguma coisa.
Se temos pressa para fazer algo que gostamos, um lazer, algo bom, que dá prazer, recebemos caras (e às vezes até comentários) de desaprovação. "É um folgado mesmo!" As pessoas reagem à nossa pressa como se ansiar para tomar uma cervejinha com amigos, pegar um cinema com a namorada ou até mesmo dar uma cochilada, fosse uma coisa feia, reservada somente para os infantis ou egoístas. É feio admitir o desejo por estas coisas!
Aah! Mas se a pressa é para coisas desagradáveis todo mundo entende! Todo mundo fica super compreensivo! Precisa sair correndo uns minutinhos mais cedo pra ir trabalhar? Está angustiado por ter que estudar para uma prova? Precisa de um "arrego" por ter "paleteado" peso e mais peso durante todo final de semana? Ora, tudo bem! Não tem problema algum!
Graças à nossa cultura de só valorizar passar dificuldade, se matar trabalhando, fazer coisas não muito agradáveis, acabamos formando uma nação de mentirosos, de distorcedores da realidade.
Como?
Para não sermos "carrasqueados" pelo julgamento alheio, exageramos nossas dificuldades, nos "coitadinhizamos". Tem que dar uma revisadinha antes da prova? "Aaah, tenho uma prova super difícil, vai cair meio mundo nela! Não tive nem tempo de estudar direito!" (Oh, drama, drama).
E, pelo outro lado da moeda, acabamos diminuindo nossos prazeres, os tornando pesares. Vai dar uma volta com um amigo? "Ai, meu amigo está precisando conversar, ele está passando por tanta dificuldade! Não sei o que seria dele sem meu apoio constante! Pena que acaba sendo cansativo pra mim estar sempre presente" (Anmraaaaam).
E, nesse bolão acaba entrando tudo!
Feio é aquele que está bem financeiramente! Bonito é dizer que está passando necessidade!
Errado é aquele que está sem problemas na vida! Invente um, ora bolas!!!
Em alguns surge o sentimento de estar errado por se sentir bem e estar vivendo bem enquanto tantos outros vivem tão mal (ou, pelo menos demonstram estar tão mal). A solução? Ficar menosprezando todos aspectos da própria vida.
E assim acabamos gastando nosso tempo e energias lidando com os problemas reais, inventando problemas, mentindo uns para os outros e nos sentindo culpados pelos momentos de felicidade, por mais breves que sejam.
Eficiente, não?




Postado por Ricardo Ceratti.

Nenhum comentário: