domingo, 4 de fevereiro de 2018

Sobre Brasileiros e Portugueses

Antes de mais nada eu gostaria de esclarecer uma coisa.
Meu ponto de vista sobre generalizações me parece ser um tanto diferente da forma a qual a maioria das pessoas entende.
Não importa qual seja a característica abordada, ou a população em questão, eu acho que na imensa maioria dos casos é simplesmente impossível conhecer cada indivíduo que é parte do grupo referido. Logo, assumir que uma generalização é uma afirmação verdadeira se referindo a TODOS, ou é uma falta de caráter de quem fala, ou interpretação distorcida de quem escuta.
Como eu nunca me propus a sequer refletir sobre o tema, não tenho a menor ideia de qual dos dois é a causa do problema. Ou talvez seja dividido por ambos. Mas eu prefiro acreditar que mal entendidos são mais comuns do que pessoas sem caráter.
No caso das minhas generalizações eu meramente me refiro ao fato de que com base estatística do que pude observar, concluo que uma grande parcela é tal coisa. Ou que tal coisa é um traço que meu cálculo me faz achar recorrente ou mais frequente na população em questão. Certamente não tenho como saber como todos são, mas posso fazer estimativas com base na pequena população que pude observar. Posso muito bem, e muito provavelmente, estar errado, só não é o que me parece até o momento.
Entendido? Pois que isto sirva daqui pra frente.

Vamos ao assunto do qual quero falar. Portugueses e Brasileiros.
Aqueles que me conhecem sabem que a mentalidade típica brasileira foi um dos motivos que me motivaram a sair do país. Obviamente não o principal, pois segurança está no topo da lista com uma margem enorme dos outros colocados.
Aqueles que me conhecem bem sabem que desde que saí do país evito contato com os conterrâneos. Não fujo como o diabo foge da cruz, mas evito, e bastante. Ocorreram várias ocasiões que tive contato e me aproximei, em maior ou menor grau, de outros Brasileiros e, colocando na ponta do lápis, o comportamento da maioria serviu para reforçar e justificar minha decisão de afastamento.
Agora, quanto a Portugueses, foram circunstâncias da vida mesmo, só tendo conhecido três até ter me mudado para a Suíça - que, pelo que pude perceber, logo virará colônia de Portugal, se considerar a porcentagem de Portugueses que moram aqui. Porém no meu atual emprego não poderia evitá-los nem se eu quisesse. E neste convívio comecei a perceber uma prevalência de mentalidades que sempre me incomodaram nos Brasileiros.

Inveja depreciativa: Uma necessidade constante de ficar cuidando a vida alheia e verbalizar qualquer comentário para reduzir de alguma forma as conquistas alheias. Se alguém tem um carro bom, "deve ser roubado", se ganhou uma promoção, "deve ter transado com o chefe", etc.
Estas mentalidade é explicado pelo que eu chamo de "deméritocracia": nenhuma conquista é mérito da pessoa, nada é fruto de esforço, inteligência, sacrifício pessoal, renúncias em prol de um objetivo financeiro. Não, nada disso! Sempre é por algum atalho mal-visto, apesar de geralmente não existir prova alguma disso.
Mas este mecanismo não é gratuito: ele existe meramente com um dos lados da moeda. O outro é a "acomodação messiânica": Trata-se de nunca, jamais, em hipótese alguma, fazer algo para melhorar a própria vida. Tudo deve ou cair do céu, ou vir por meio de um atalho que há de ser encontrado. Fica mais fácil entender assim, não concordam? Como achar que alguém conquistou algo por mérito próprio se "mérito próprio" é uma expressão completamente alienígena? O dito popular reza que "a maldade está nos olhos de quem vê", mostrando que quem não tem maldade, não a enxerga. O mesmo vale para o esforço: quem não cogita batalhar por nada não consegue enxergar a possibilidade de que alguém o faça.
E como a vida não melhora, que hobby seria mais prazeroso do que reclamar? Mas não é reclamar para chegar a alguma solução, ou reclamar para reivindicar o que é justo. É reclamar por esporte mesmo. A reclamação de mãos dadas com a inação.
E já que é para cuidar a vida alheia e reclamar, por que não usar todos esse conteúdo para trocar figurinhas sobre a vida alheia? Nada como fofocar, saber todo peido que a outra pessoa dá, e especular sobre como cada peido foi dado.
Ainda mais se a pessoa deixa visível algum bem material ou símbolo de status: O Santo Graal. Só existe valor aquele que possuir tais objetos. O quanto de respeito uma pessoa merece pode ser verificado no preço do relógio de marca que carrega no pulso, ou do carro de luxo que dirige. Ou ainda o que estampa no peito esquerdo da camisa. O que obviamente leva a uma desvalorização de todos os outros aspectos [a valor final é o mesmo, muda apenas o peso que cada coisa atribuirá valor], como respeito, inteligência, caráter, etc...
Por falar em caráter. Todas as pessoas são um alvo em potencial de benefício para si. Todos são idiotas e nada como o seu poder de malandragem para se mostrar mais sagaz e tirar o máximo de proveito.
Estas características em comum me fazem concluir que o Brasileiro simplesmente aperfeiçoou todas as características podres dos Portugueses.
E o mais incrível é o quanto de cegueira isso gera. Nenhum dos dois é capaz de perceber que é justamente esta mentalidade e comportamento o que lhes tira energia, tempo, capacidade intelectual, auto-gerenciamento, capacidade de planejamento, aspiração ao auto-aperfeiçoamento, etc. necessários para realmente crescer na vida - e assim não precisar mais ficar invejando e difamando os outros.

É claro que ambos povos possuem muitas qualidades, e muitas delas são presentes na grande maioria. Mas para mim, particularmente, o que considero defeitos me causam mais desprazer do que o que considero qualidades me causam prazer - de maneira geral.

Porém eu não tenho como saber se é unicamente uma questão de nacionalidade, uma vez que eu não posso entender o que é dito pela maioria das nacionalidades do mundo, e talvez as pessoas de língua materna inglesa [menciono isso por Inglês ser a única outra língua que eu posso entender suficientemente bem] sejam iguais, porém simplesmente mais discretas. Ou talvez seja o extrato social com quem me relaciono. Ou talvez seja a idade. Ou...inúmeras possibilidades! Uma opinião é meramente o cálculo do que é experienciado, analisado sob a lente do é sabido, com os limites do que é acreditado ser a totalidade de fatores.




Postado por Ricardo Ceratti.

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