terça-feira, 2 de junho de 2009

Vida Turbo.

Nossa noção de tempo é tão esquisita.
Passamos 18 anos esperando por ter os tão esperados 18 de uma vez.
Finalmente poderemos entrar nas festas, beber, tirar carteira!!!
Pareceu uma eternidade! Duas, talvez.
E então passa-se dos 18 anos.
Parece que liga um turbo.
Logo já se tem 19. Um pouquinho e 20. Mais um tantinho, 21. Respira mais fundo e já fez 22. Pisca e chegou nos 23. E assim vai. Cada vez mais rápido. Cada vez se sente menos o passar do tempo.
O que antes parecia não querer passar, agora parece desesperado por escoar por entre as mãos.
Não consigo definir o motivo disso, mas consigo imaginar algumas hipóteses.
Talvez seja por não termos mais pressa para tudo. Passamos a fazer as coisas com a calma que a maturidade traz. E, talvez isso faça passar mais tempo.
Talvez não tenhamos mais todo aquele "pique" de antes, aquela energia. A preguiça começa a se aninhar.
Talvez a vida comece a nos cobrar as obrigações. A rotina, as "coisas chatas" acabam nos ocupando boa parte do tempo, que nem sentimos o tempo passar, pelo menos não sentimos ele passar da maneira que gostaríamos, ou seja, fazendo coisas que realmente gostamos, que nos dão prazer.
É... talvez a falta de tempo pra tocar pra frente os projetos paralelos, não vê-los se desenvolver, contribuam para a sensação de que o tempo passou muito rápido. Não ter conseguido fazer o que queria, não ter dado tempo de fazer o que gostaria.
Talvez tenhamos nos acostumados a fazer as coisas no automático, a fazer por fazer, a não ver a hora de tudo terminar. Não ver a hora da semana acabar, pra supercompensá-la no final de semana. Logo, nem durante o final de semana realmente se tem tempo para si. Isso quando não é preciso extender as obrigações da semana para o final de semana.
Talvez a vida esteja nos trazendo tanto desgosto que preferimos não olhar diretamente para ela. Não saborear, e sim, engolir.
Esse desgosto tem uma repercussão bem contraditória. Geralmente o desgosto vem do excesso de trabalho em função de ganhar dinheiro. Enquanto a forma geralmente encontrada para resolver esse desgoto é... gastar! Bem vindo ao Ciclo Vicioso.
Talvez seja falta de tempo, talvez seja conformismo, talvez seja pelo distanciamento com a própria vida, talvez seja a vagareza, talvez seja a falta de fôlego, ou, talvez, seja muito pior, talvez não passe do funeral dos sonhos.




Postado por Ricardo Ceratti.

2 comentários:

Marina disse...

Que bom se o turbo esperasse até os 18 pra entra em ação...
Nunca esperei pra ter 18( talvez por não beber, não ir muito em festa e nem querer tanto assim dirigir). Na verdade esperei os 18 com angústia, ia ser só mais um xingão acrescido na minha vida: já tem 18 e age assim e bláblá...
Enfim nunca esperei pra ter 18, porque, talvez, já vislumbrasse um destino de obrigações e coisas
chatas pra fazer, e ao que tudo indica eu sei prever me futuro. Não falta tempo, falta tempo pra viver! Agora já que eu não sonhei com os meus 18 eu vou sonhar com os meus 60(aposentadoria!) =\

The Drunken Scientist disse...

Teu caso demonstra que é a gratificação a ser alcançada que passa a idéia de tempo se arrastando, enquanto o entraves da vida fazem a vida passar voando.
Pelo jeito acertei, a aceleração significa que começou o velório. Vamos todos vestir preto e passar um longo período acompanhando o caixão e ficando de luto pelo falecimento do sonho.
Que descanse em paz este natimorto.