terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Epidemia?

O que anda acontecendo com o mundo?
Para onde eu olho, vejo pessoas com depressão.
Em maior ou menos grau.
Mais ou menos visível.
Seja incapacitante ou seja o "peso nosso de cada dia".
No começo eu pensei que o problema era eu, que eu só me relacionava com pessoas depressivas.
Pois bem, busquei pessoas que aparentavam ser de bem com a vida para socializar.
Conforme os vínculos se estreitavam, as pessoas iam demonstrando características depressivas, ou até mesmo relatos.
Será eu? Será que deprimo as pessoas?
Não, certamente não tenho todo esse poder.
O que será?
Certamente nem todas pessoas são depressivas, mas é assustador que as pessoas demonstrem sê-lo depois de alguma intimidade.
Assustador E normal, infelizmente.
Vivemos em uma sociedade que é errado, é feio estar triste.
Perdemos o direito de não estar todos dias bem.
Talvez essa máscara contribua. Não sei, apenas fazendo um "brainstorm" solitário.
Não será possível que, além dos estresses que existem na nossa atual forma de viver, além de estarmos sempre correndo, além de não nos ligarmos muito uns aos outros... será que este impedimento de ficar triste num momento não contribui com a solidificação da tristeza?
Será que ao nos negarmos uma catarse que ela se faz necessária, não acabamos colocando mais um tijolinho nesse muro que nos separa da felicidade?
Convido qualquer pessoa que leia a me ajudar a pensar isso, pois estou ficando sinceramente preocupado com a possibilidade de estarmos diante de uma disfarçada epidemia de depressão.




Postado por Ricardo Ceratti.

2 comentários:

Helen disse...

eu faço parte dessa 'epidemia' e me sinto mal por não poder ser uma exceção.
eu sempre gostei de ajudar, mas quando eu preciso ser ajudada nada posso fazer pelos outros e, de certo modo, me sinto inútil por isso. ):

(eu adoro a palavra 'catarse'. :B)

ps.: desculpa, não to num bom momento pra articular as palavras.

Marina D.Tolotti disse...

Ai Ricardo,tu é que está por fora da moda!!É a tendência pra próxima estação, que certamente continuará influênciando a próxima, tamanho o sucesso.Em qualqer esquina se encontra o visual deprê. Como diz o nome de um filme que eu vi, vivemos na “Geração Prozac”.Por um lado nos é cobrada a felicidade, mas por outro quem se preocupa com alguém feliz,que não faça barraco, que não seja um viciado, que não esteja internadado numa clínica...?(é, exagerei um pouco). Uma depressão grave é como pendurar a melancia no pescoço: Ei to mal!! Tão vendo??Olhem pra mim!! Hoje o que importa é parecer feliz,é colocar fotos no orkut das tuas incríveis festas, dos teus fantásticos amigos, enfim da tua sonhada e ,muitas vezes ,distante felicidade. É ir numa festa chata, e falar que tava ótima, e fazer tudo aquilo que dizem que é legal,divertido. Há inúmeros programas que supostamente te deixariam feliz,mas que tu nunca parou pra pensar se era o que tu gostava de fazer.
Quem vai falar que esta mal, num mundo onde todo mundo está transbordando de felicidade? Quem quer parecer diferente, “et”,”por fora”, esquisito ? Quem quer olhar e ver q tah tudo uma merda?Quem tem tempo pra perder com as tuas lamentaçôes?Assim ignoramos o que sentimos, (fingindo, acreditando que se tal “chatisse” é legal pra todo mundo,também será pra ti)...Até que tu encontra alguém, que demostre o mínimo de sensibilidade, um mínimo de pé no chão...Nesse momento tu se agarra a essa pessoa e chora todas! Percebe que tem que mudar muita coisa,e isso é difícil, ninguém está a fim de te apoiar...Logo tu vai ficar mais depressivo. Essa tal “epidemia”, acho eu, é porque temos liberdade, mas não escolhemos nossos valores, não temos ideais, não sabemos o que qeremos, como queremos ser, do que realmente gostamos, não sabemos pelo que vamos lutar. Pra ilustrar:na época da ditadura militar as pessoas sofreram, perderem amigos, perderem a liberdade de expressão( e tudo mais que todo mundo estudou heheh).Mas elas sabiam o que queriam, sabiam no que acreditavam. Lutar por aquilo(liberdade) por mais penoso que fosse era também o que dava forças, ajudava a não desistir, a não desanimar, porque no fim, poderia compensar,era preciso resistir por uma causa maior.Agora, como vamos superar ,ter motivação, se não vemos a” luz no fim do túnel”?Como vamos passar por mudanças, que exigem tempo, se vivemos numa sociedade imediatista?Perdemos os valores,por exemplo, há quem queira se “juntar” com um cara rico. Agora, alguém se pergunta como é que o cara ficou rico? Se ele roubou, trapaceou, ganhou tudo de “mão beijada”Ninguém se importa. Quem tem valores, fica excluído do mundo, porque tudo que é importante pra pessoa é ignorado.Tudo de mal, errado, sujo que ela vê ninguem mais vê! Tu percebe que está sozinho ,e a depressão te da um abraço!Se tu for um cara de sorte, ela te dá só um "oi" e vai embora...E ai tem aqueles ditadinhos do tipo “santa ignorância!” ,traduzindo, quanto mais bocó e tapado for o indivíduo mais adaptado ele será ao ambiente (hostil) em que vive. É a nova regra da seleção natural. Acredito que em muitos casos não são os problemas , as dificuldades, que deixam as pessoas tão infelizes, mas sim a falta de perspectivas.Ninguém sonha mais. É totalmente demodê ficar fazendo planos.Alguém hoje pensa em casar com a pessoa que diz q tanto ama, alguém abre mão de si pelo outro, diz coisas bobas q sente? Fazer isso é visto como bobagem,mas são as bobagens que tao fazendo tanta falta. Nós mesmos admiramos,elogiamos alguém que conseguiu um ótimo emprego, comprou o sonhado carro, é bem sucedido, e por nenhum instante pensamos que essa pessoa pode estar infeliz, ter relações superficiais, ter se afastado dos amigos pra ficar perto do dinhiero.Enquanto aquele nosso outro amigo, que tem um carro esculhambado, é meio chinelão ,a gente já da por certo que é um infeliz, um coitado.Não que não possa ser, mas, as vezes, não aparentar poder, não é sinônimo de insucesso, é uma questão de escolha, do q é importante pra cada um.Só q julgamos de mais, como se tudo fosse tão óbvio! É claro q o ideal é o ideal(digo, é o que eu acho) ....sobrar dinheiro pra poder curtir a vida e saber curtir a vida sem precisar do dinheiro!( E sem precisar do “Prozac”).