Existem momentos de nossas vida que simplesmente precisamos de um tempo.
Um tempo de tudo, não só de trabalho ou estudos.
Precisamos deixar de lado as cobranças, mesmo as internas.
Estamos muito acostumados com produtividade.
Sempre trabalhando, sempre produzindo, sempre em atividade.
Até nos nossos lazeres buscamos eficiência: Vai numa festa e se sente na obrigação de adorar aqulio tudo, de ficar até amanhecer, de "se arranjar" (mais de uma vez, para muitas pessoas), de dançar praticamente a noite inteira, entre outras obrigações. E que nem se ouse considerar acontecer algo diferente! O resultado será a sensação de que não aproveitou, um sentimento de vazio. Ah, convenhamos! Obvio que terá um sentimento de vazio! Se os objetivos traçados são fúteis ou provisórios, como que a conquista destes trará o tão buscado sentimento de elevação pessoal, que no fundo é o que buscam? Como se pode querer conhecer uma pessoa para ter um relacionamento sério legal, indo em uma festa que as pessoas não conseguem conversar, que se julgam pela roupa ou forma de dançar e se relacionam com mais intimidade do que realmente possuem (muitas vezes nem lembram o nome da pessoa da noite anterior)? Como podem esperar satisfazer suas necessidades de diversão, quando agem de forma pré-determinada e ritualizada, quando, no fundo, o que precisam é de expontaneidade e improviso, é daquela sensação de as coisas acontecerem naturalmente, sem manipulação ou serem forçadas? Como é possivel acreditar que dançar a noite inteira, sejam musicas boas ou ruins, que significam algo para a pessoa ou não, de ritmo embalante ou nem tanto, será capaz de trazer algo além de um corpo exausto? E ficar até não poder mais na festa então? Não existe fome? Necessidade de respirar algo que não fumaça de cigarros? Cansaço?
Nossos lazeres passam por um refinado crivo de validade. Precisamos da aprovação dos outros ("ai, credo! Não acredito que você vai ficar em casa num sábado à noite!") e da nossa para determinar se as coisas valem a pena (a nossa, no fundo é um reflexo da dos outros, sendo que nós fazemos parte deste "outros"). E, mesmo quando achamos valer a pena nos cobramos (se nos propormos a ler um bom livro, nos cobramos número de páginas).
Quem sabe não paramos por um momento? Um momento só nosso. Um momento "que se exploda o mundo", assim como "que se exploda meus pensamentos". Um momento para curtir, e nada mais. Não julgar ou estabelecer valores para o que se está fazendo.
Uma conversa despreocupada com uma pessoa especial, trabalhar em algum hobbie que nos relaxe, passar uma tarde inteira só deixando o cérebro viajar.
Talvez seja isso que está nos faltando nesta nossa correria e cobranças. Simplesmente, viver.
Postado por Ricardo Ceratti.
quinta-feira, 9 de outubro de 2008
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4 comentários:
É... concordo... em gênero, número, grau e vontade. Gostaria de ter tempo, esse seu tão citado tempo - ou melhor, a falta dele - para fazer o que propõe você. Realmente, tudo já está determinado, não apenas as coisas mais "importantes" de nossas vidas modernas, mas até mesmo o tempo que você passa com alguém que gosta: o que conversar, onde tocar, altura da voz, rituais já prontos. Nós apenas os cumprimos, e quando percebemos, já não sabemos fazer diferente. Como diz você, simplismente Viver. Por falar nisso, agora me deu vontade de viver um copo de cerveja bem gelado, servido?
Pois bem, estou atualmente, retomando algumas coisas paradas em minha vida: livros que deixei pela metade, voltar a postar no blog, limpar meu garda-roupa, lavar meus calçados, cortar o cabelo, mudar a marca do xampu, enfim, coisas..
Mas estou retomando-as aos poucos, uma de cada vez, pra n]ao me frustrar entende?
Bom, a cerveja, precisamos apenas nos localizar espacialmente. O lugar é irrelevante, apenas a hora é preciso delimitar, pois a roda do capitalismo não pode parar.
Comunique-se.
As necessidas são muitas, o tempo é pouco. O resultado é muito gente vivendi de aparência e infeliz.
***
... ainda bem que comentou no post de aniversário, sempre volto lá pra ler.
Voltarei!
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